A conclusão do plantio da safra de verão dentro da janela ideal de clima e o uso de sementes de soja precoces (com ciclo médio de 120 dias) estão garantindo condições para que Mato Grosso cultive, em 2012, uma safra gigantesca de milho de inverno. Embora haja muito chão pela frente, os agricultores do estado estão com quase tudo pronto para aumentar, mais uma vez, o plantio do cereal do segundo ciclo da temporada, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo.
Levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado nesta semana projeta aumento de 14% na área do milho no inverno. Em 2 milhões de hectares, a produção chegaria a 9 milhões de toneladas no estado. O Paraná, segundo maior produtor do cereal na safrinha, vem colhendo 6,1 milhões de toneladas na estação.
A empolgação provoca falta de semente em Mato Grosso, atesta Jaime Binsfeld, diretor comercial da Fiagril, uma das maiores empresas de venda de insumos do Médio-Norte mato-grossense, região que concentra 45% da produção estadual de milho e 30% da de soja. Sidnei Manso, um dos coordenadores da equipe de vendas, acredita que 60% da área do Médio-Norte será ocupada por sementes de alta tecnologia e 40% de menor valor e menos produtivas. “As empresas estão vendendo todos os seus estoques. Híbridos de ponta vão faltar no mercado”, avalia.
O agricultor Ciro Ida, de Lucas do Rio Verde, mostra-se receoso com a entrega de sementes compradas para a segunda safra de milho. Ele diz ter investido na compra de variedades que têm tecnologia de ponta. “Soube que alguns colegas produtores tiveram o dinheiro da semente devolvido, mesmo depois de pagar à vista pela mercadoria. A empresa que eu comprei me garantiu que não vai ter problema para entregar. Vamos ver.”
Gargalo – A capacidade de armazenamento e a logística de Mato Grosso, no entanto, acendem o sinal amarelo. “Neste ano, enfrentamos atraso com a safra e ainda temos muito milho para embarcar. Se trabalharmos com um número de 10 milhões de toneladas para a safrinha, penso que teremos problemas, pois o consumo não deve passar de 2,5 milhões (t). Isso significa que podemos ter um excedente de 7,5 milhões (t)”, analisa Binsfeld.
Principal exportador de milho do Brasil, Mato Grosso tem assumido parcela cada vez maior no mercado internacional. De janeiro a setembro deste ano deste ano, enviou 15% mais milho para o exteriro do que durante todo o ano passado. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelam que os mato-grossenses já embarcaram 4,24 milhões de toneladas de milho, contra 3,62 milhões registrados no mesmo período de 2010.
E é justamente esse apetite internacional crescente que mantém as expectativas positivas dos produtores brasileiros. Eles acreditam na firmeza dos preços do cereal que, por enquanto, estão se segurando perto dos R$ 20 por saca (quilos) no Mato Grosso.