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MT planta soja

Estado dá a largada da nova safra nacional da oleaginosa. Variedades precoces e superprecoces expandem.

MT planta soja

Mato Grosso deu início à safra brasileira de grãos 09/10. Segundo estimativas da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), cerca de 500 mil hectares estão semeados com as variedades de ciclo curto, chamadas de precoces. A área destinada deverá representar cerca de 30% a 35% dos 5,6 milhões de hectares que a sojicultura deverá utilizar.

O cultivo teve início ainda na semana passada, em Lucas do Rio Verde e Sapezal, após chuvas registradas nessas regiões. Mesmo sob a vigência do Vazio Sanitário, não houve desobediência dos produtores porque o Vazio proíbe plantas de soja vivas e o grão semeado no final da semana passada vai eclodir (brotar) cerca de cinco a seis dias após a semeadura. O Vazio terminou na última terça-feira, em Mato Grosso, e as primeiras plantas são esperadas a partir de hoje.

A novidade deste ano é a expansão do cultivo de variedades precoces e superprecoces no sul do Estado, região até então caracterizada pela opção de cultivares de ciclo mais tardio, iniciado a partir da segunda metade de outubro. Outro diferencial da nova temporada é que Sapezal e Lucas do Rio Verde iniciam os trabalhos no campo praticamente juntos.

O plantio, após a última terça-feira, foi motivado, como lembra o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), além do término do Vazio, pelas chuvas fora de época registradas sobre Mato Grosso e pelos baixos volumes dos estoques de passagens do grão no Estado, que acabam sinalizando boas perspectivas de preços para a saca da precoce. Com este plantio de ciclo curto as primeiras toneladas da nova safra serão ofertadas ainda em 2009.

O Imea explica que os estoques de passagens, que são as sobras da safra anterior e que sustentam o mercado até a nova colheita, estão baixos. Cerca de 97% da produção da safra 08/09 avolumada em 17,40 milhões de toneladas está comercializado. A safra passada foi 1,4% inferior aos volumes do ciclo 07/08. Como aponta ainda o Imea, o plantio está sendo realizado em várias partes do Estado, inclusive em Campo Verde (139 quilômetros ao sul de Cuiabá).

O objetivo de quem opta pelas cultivares precoces é, além de ofertar os primeiros grãos da nova safra e com isso obter um sobrepreço de até 20%, fugir do período de maior incidência da ferrugem asiática, que ocorre justamente com a intensificação das chuvas e altas temperaturas, como também realizar duas safras em um ciclo.

Plantio – O presidente do sindicato rural de Sapezal (460 quilômetros ao noroeste de Cuiabá) e vice-presidente Oeste da Aprosoja/MT, José Guarino Fernandes, conta que grandes produtores do município, como os grupos André Maggi e Bom Futuro, deram largada à safra 09/10, pois eles têm como característica a produção da safrinha de algodão, semeada logo após a colheita da soja precoce, já em janeiro. Guarino acrescenta, no entanto, que a maior parte dos produtores da região ainda aguarda pela intensificação das chuvas.

O diretor administrativo da Aprosoja/MT, Carlos Henrique Favaro, conta que na sua região, Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), as precipitações atingiram 200 milímetros, o dobro do necessário ao plantio da soja. “O clima está propício, porém o produtor deve ter cautela ao antecipar o plantio, porque as chuvas vieram antes do esperado e podemos registrar ainda clima seco, afinal isso é normal ainda nesta época do ano. Só se deve avançar no plantio da soja se houver umidade suficiente no solo”. Ele lembra que conforme experimentos da Fundação Rio Verde, de Lucas, a melhor janela de plantio à soja na região, período em que se obtém a boa produtividade, é de 5 a 25 de outubro. “Não podemos errar da porteira pra dentro, principalmente por causa do clima, porque as perdas não serão compensadas pelo mercado. Temos uma safra excelente vindo dos Estados Unidos, o maior produtor e exportador mundial. Certamente a Argentina não terá os mesmos problemas de seca que comprometeram a última safra, assim como o Rio Grande Sul não deverá registrar este mesmo problema. A oferta no mundo será grande e a demanda ainda é uma incógnita, mesmo assim, estamos plantando”.

Preocupação – Crédito e políticas de comercialização ainda assustam, apesar do aparente entusiasmo com a nova temporada, já que o cultivo está sendo realizado de norte a sul de Mato Grosso.

O presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, frisa que a “expectativa é sempre muito boa, aliás vivemos de boas expectativas. Porém, a redução de acesso ao crédito e a restrição orçamentária para as políticas de sustentação de preços nos desesperam”. Segundo ele, para safra 08/09 foram disponibilizados R$ 3 bilhões. “Estamos já avaliando de que forma o segmento precisará de apoio durante a nova safra e de que forma solicitar a intervenção da União”.

Sobre o tamanho da nova safra, Glauber explica que não crê em redução de área. Mas em função das restrições de acesso ao crédito, “haverá redução na aplicação de tecnologia, ou seja, muitos produtores vão economizar na aplicação de fertilizantes e haverá quem plante sem qualquer adubação, como ocorreu na última safra”.