Redação (30/08/06)- O estado do Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja e que tem registrado menor volume de negócios nos leilões de compra do governo, busca uma correção na regulamentação dos leilões de Prêmio de Equalização da Soja (Pesoja) e Prêmio Equalizador ao Produtor (Pepro) para aumentar sua participação.
Os produtores pedem que a produção já escoada – entregue aos armazéns de indústrias e de tradings – possa ser vendidas também nestes leilões. Atualmente, só podem ser oferecidos, por precaução contra fraudes, grãos que estão comprovadamente armazenados com o produtor.
“As regras dos leilões são boas, só estão descompassadas com a situação da safra. Neste mês, já não há quase nenhuma soja armazenada com o produtor, quase tudo foi entregue a tradings ou indústrias com preço ainda não negociado”, disse o presidente da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Rui Prado.
Prado lembra que é preciso discutir correções para o mecanismo de leilões, que são favoráveis ao produtor mas correm o risco de ser ineficazes.
“Há ainda R$ 490 milhões de um total de R$ 1 bilhão que o governo pode usar nestes leilões. É preciso fazer este ajuste”, disse Prado.
A Aprosoja já entregou uma proposta ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Carlos Guedes, e nas próximas semanas deverá reunir-se com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para pedir uma medida provisória que inclua a soja já escoada nos leilões.
Para o diretor da consultoria Céleres, Anderson Galvão, no mês de setembro é normal que já não haja nenhuma soja nos armazéns de produtores. “Há um poder de capitalização menor para armazenamento no Centro-Oeste e no Nordeste do País. Até outubro, no máximo, já não há mais soja armazenada. Diferente do Sul, que costuma inclusive passar o ano com estoques”, disse. Segundo o analista, a criação dos leilões de Pesoja e Pepro tiveram início quando os produtores do Mato Grosso já tinham negociado parte de suas safras, que tiveram a colheita iniciada em abril.
Os últimos leilões de soja realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no último dia 25, arremataram 715,63 mil toneladas dos 3 milhões de toneladas ofertados por produtores, sendo 1,5 milhão por meio do Prêmio de Equalização da Soja (Pesoja) e a outra parte pelo Prêmio Equalizador ao Produtor (Pepro).
No primeiro foram vendidos 35,60% da oferta. Os produtos oriundos da Bahia, Mato Grosso do Sul e Tocantins foram totalmente negociados. O lote da região norte do Mato Grosso vendeu 248 mil toneladas, o que corresponde a 28,88% do ofertado. Já no Pepro foram arrematados apenas 12,11% do total.