Levantamento realizado pela Expedição Safra estima que a soja em Mato Grosso tem potencial para superar 19 milhões de toneladas no ciclo 2010/11. A se confirmar, além de histórica, a marca pode garantir ao estado o primeiro lugar no ranking nacional de produção de grãos. O 2.º levantamento de plantio divulgado pela Conab coloca Mato Grosso na liderança. O desempenho também será decisivo à produção brasileira de soja, que, apesar da área maior, vive sob a ameaça do clima, fortemente influenciado pela La Niña nesta temporada.
A Expedição acredita que a soja ganha perto 100 mil hectares este ano. A produtividade média – a julgar pelo incremento em tecnologia, mas também a depender do regime de chuvas na etapa final de desenvolvimento das lavouras, assim como a estiagem que retardou o plantio este ano-, tende a registrar leve recuo, para pouco mais de 51 sacas por hectare (ver infográfico). Os analistas avaliam que a expansão da oleaginosa poderia ser ainda maior, não fosse o bom momento do algodão, que também cresce numa proporção próxima de 100 mil hectares.
O fato é que, não apenas por conta do atraso das chuvas, que postergaram a implantação das lavouras em relação ao ano passado, a safra de Mato Grosso enfrenta um ciclo singular sob vários outros aspectos. A precipitação, por exemplo, que tardou no plantio, pode complicar o final do ciclo. Há previsão de muita umidade e concentração da colheita em fevereiro.
Na esteira, vem a preocupação em honrar os contratos futuros. O produtor lançou mão da comercialização antecipada como nunca. Quase metade da produção prevista foi fixada antes mesmo do plantio ter sido finalizado. Aí, a frustração, com contratos de US$ 15 fechados em julho até US$ 22/saca em outubro e novembro. Dá para fazer uma boa média, mas poderia ser melhor, reclamam os produtores.
Por fim, a indefinição da safrinha de milho, que vem depois da soja e deve ser uma incógnita até o momento do plantio. A partir da sondagem feita com produtores e cooperativas, a Expedição acredita que a redução da área do cereal de 2ª safra em Mato Grosso deve ficar acima de 20% e, assim, superar a queda verificada na 1.ª safra do Paraná, o maior produtor de milho de verão, que foi de 18,4%.
Transgênicos – Nesta safra, o Mato Grosso também se rende aos transgênicos. Nem mesmo a motivação do mercado europeu, que mantinha quase que uma ilha de soja convencional no Oeste do estado, conseguiu barrar o grão geneticamente modificado (GM). Segundo a Expedição Safra, a participação da semente transgênica cresceu 11 pontos porcentuais, para 66% da área na atual temporada. Cleto Webler, que cultiva 12 mil hectares em Sapezal e entorno, Região Oeste, cobriu 100% da área com semente GM.
MT + PR – Com as quase 14 milhões de toneladas previstas para o Paraná, conforme a Expedição, os dois estados podem somar 33 milhões de toneladas de soja. Na safra anterior, os dois estados responderam, juntos, por 48% da oferta total. Respeitada a proporção, e a depender das condições climáticas, isso significa que em 2010/11 o Brasil tem condições de vencer ou pelo menos igualar a marca anterior da oleaginosa, de 68,88 milhões de toneladas.