Quem aposta no milho nesta safra intriga os demais produtores de grãos. O agropecuarista Júlio Pereira, de Uberlândia, explica a decisão com um palpite. “O futuro do milho vai ser melhor do que parece.” Ele acredita que seguir a contratendência muitas vezes é a estratégia mais inteligente.
Pereira e sua família mantiveram a área da soja em 2 mil hectares e ampliaram a do milho de 800 ha para 1,42 mil ha, na comparação com a safra passada. A expectativa é de produtividade acima da média nas duas culturas, ou seja, mais de 3,3 mil kg/ha de soja e 10 mil quilos de milho/ha. Isso porque as chuvas chegaram antes e permitiram a antecipação do plantio. Se houver veranico em janeiro, o efeito da falta de umidade será menor.
A aposta de Pereira é no mercado. Ele não armazena. Vende a maior parte da produção na mesma época que grande parte dos produtores, a partir da colheita. “Estamos nas mãos das grandes empresas e temos que aceitar os preços.”
Em sua avaliação, a própria política das indústrias inibe investimentos em silos. “Eles fazem gracinha nos preços tentando atrair quem ainda tem grãos armazenado, mas faz pouca diferença”. A preferência é para os produtores que mantém os grãos armazenados nas próprias indústrias, relata. O problema é que, depois de entregar a produção, só resta ao agricultor acompanhar as cotações para vender no melhor momento. Se for retirar os grãos e entregar a outro armazém, ele terá de pagar por isso.