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Noble Group centra o foco no Mercosul e estuda aquisições

<p>Em um mês, grupo investiu US$ 88 milhões em grãos e cana. Foco de investimentos será o Brasil, diz Richard Elman, CEO da Noble Group.</p>

Redação (12/02/07) – O Noble Group, multinacional com sede em Hong Kong que atua no Mercosul há quatro anos, decidiu reforçar os investimentos nos países do bloco para torná-lo seu principal fornecedor global de matérias-primas. Nas últimas três semanas, o grupo anunciou investimentos de US$ 88 milhões nas áreas de grãos e cana-de-açúcar, e tem outros planos para investir em logística, algodão e soja.

“Há muito potencial para desenvolver os negócios na área agrícola, especialmente no Brasil. Recebemos propostas em diferentes áreas e estamos na fase final de avaliação”, afirmou ao Valor Richard Elman, principal executivo do Noble Group, que esteve no país na semana passada.

Em janeiro, o grupo investiu US$ 18 milhões em cinco armazéns de grãos no Brasil – em Sorriso e Nova Maringá (MT), Maringá, Japurá e Jussara (PR) – , para elevar sua capacidade de estocagem em 180,5 mil toneladas. Na Argentina, constrói um armazém com capacidade para 140 mil toneladas de grãos no porto de Timbues, na Província de Santa Fe, e estuda outras duas aquisições. No Paraguai, fez uma joint venture com uma empresa local na área logística para facilitar o transporte de grãos pelos rios Paraná e Paraguai. No Uruguai, formou uma joint venture para construir um terminal para o transbordo de grãos em Nueva Palmira, com capacidade para 14,5 mil toneladas.

“No ano passado, o grupo fez um investimento de US$ 65 milhões em unidades na Argentina e agora o foco será o Brasil. Talvez iremos investir em fazendas, talvez fora da fazenda. Será uma questão de oportunidade”, diz Elman. Segundo ele, o grupo está em território brasileiro há pouco mais de dois anos e, em 2006, adquiriu no país 1 milhão de toneladas de soja, 90 mil toneladas de café e foi responsável por 10% das exportações brasileiras de etanol – que, conforme a Secex, somaram 2,73 bilhões de litros no ano. O grupo também compra açúcar do Brasil. A maior parte desse volume é destinada à China.

Neste ano, uma das metas do grupo é iniciar no Brasil a comercialização de algodão. Conforme Elman, os produtores que ofertarão o produto são os mesmos que hoje fornecem soja. “Gostaríamos de ser dez vezes maiores no Brasil do que somos hoje, mas o processo de crescimento é complexo, demanda investimentos em diferentes áreas e leva tempo”.

Atualmente, o grupo faz um aporte – cujo valor é mantido em sigilo – na instalação de um terminal para líquidos no porto de Itaqui (MA). E planeja ainda investir em projetos na área de geração de créditos de carbono. Conforme Elman, a Usina Petribu Paulista, adquirida na semana passada por US$ 70 milhões, também deve gerar créditos de carbono ao grupo. O aporte na usina, no longo prazo, é estimado em US$ 200 milhões, que serão usados para ampliar a capacidade de moagem das atuais 2 milhões de toneladas por safra para cerca de 10 milhões.

Elman não descarta a possibilidade de investir na área de biodiesel. “Estamos olhando oportunidades de negócios. Mas o cenário para biodiesel ainda não é claro, nem mesmo na Europa. No caso do etanol, o quadro é mais claro”, observa. Atualmente, o Noble Group mantém 23 empresas, divididas em três grupos de negócios: energia (onde se inclui o etanol), metais e agricultura.

O faturamento em 2006 é estimado entre US$ 15 bilhões e US$ 16 bilhões, dos quais 70% provêm dos negócios de energia. O Noble Group mantém 70 escritórios em 42 países e possui ainda três esmagadoras de grãos na Índia, três na China, uma no Egito e uma na Turquia. Nos EUA, mantém dez usinas de etanol.

No Brasil, o grupo procura diversificar as atividades, mas a maior parte dos investimentos no longo prazo, segundo Elman, será na área de combustíveis limpos, sobretudo etanol. “Este já é o segmento mais rentável para a empresa no Brasil e há um grande potencial de expansão”, diz. A preocupação com energia também está presente na vida de Elman. Contrasta com o terno, em seu pulso direito, duas pulseiras de bolinhas pretas. “É para a saúde. Uma afasta a energia negativa e a outra atrai a energia positiva”, explica.