Redação (13/08/07) – O Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que o país colherá este ano mais de 330 milhões de toneladas de milho, o suficiente para encher 183.000 piscinas olímpicas – uma quantidade bem maior do que a capacidade de armazenamento atualmente disponível.
É uma situação preocupante para os produtores, que normalmente escolhem entre vender a colheita imediatamente, pagar a um elevador de grãos para armazená-la, ou guardar o milho em silos nas próprias fazendas. Guardar o milho dá aos produtores mais flexibilidade para se aproveitar das condições do mercado. Em 2006, alguns agricultores que venderam cedo a sua colheita se arrependeram quando uma demanda crescente de álcool elevou a cotação do milho de cerca de US$ 2,25 por bushel, para bem mais de US$ 3.
Mas o que é pimenta nos olhos do produtor é refresco para os que trabalham na indústria da armazenagem. A demanda por silos para grãos supera a oferta, e os fabricantes de silos e equipamentos estão elevando sua produção.
Os silos são mais do que torres cilíndricas que guardam cereais. Portas de inspeção, paredes revestidas de zinco, ventiladores axiais e aquecedores são apenas alguns dos possíveis recursos opcionais. Nos últimos anos, eles aumentaram de tamanho, de 2.500 toneladas para mais de 17.500 toneladas de grãos. Para acompanhar o ritmo dos produtores, os silos agora precisam de máquinas misturadoras para secar o milho mais rapidamente, ou sistemas de esvaziamento rápido. Os silos podem custar até US$ 2 por bushel de capacidade, com vida útil de 30 anos.
Desde 2000, o Departamento da Agricultura dos EUA forneceu US$ 129 milhões em empréstimos para os produtores construírem silos em suas fazendas, mas Roger Fray, diretor da Cooperativa West Central, de Ralston, no Estado americano de Iowa, diz que o armazenamento continua sendo um problema. "Desde a safra de 2004 há uma necessidade [de armazenamento] em todo o setor, e estamos tentando correr atrás", diz ele.
Uma visita recente à cooperativa Coração de Iowa aqui em Nevada, uma das sete unidades da cooperativa no Estado, mostra como o problema tem sido resolvido. Sediada no meio de uma região produtora de milho, onde pés com dois metros e meio crescem ao lado das estradas, a cooperativa começou no mês passado a descarregar cinco caminhões brilhantes, cheios de tambores de aço e peças de suporte para construir 18.000 toneladas a mais de altamente necessário espaço para armazenagem. A operação da cooperativa está espalhada por oito localidades diferentes e tem capacidade para 226.000 toneladas, atendendo a 800 produtores rurais, que fornecem 100% do milho necessário para a produção da Lincolnway Energy, a usina de álcool da cooperativa.
"Com os preços do concreto e do aço aumentando, é o que podemos fazer no momento (…), mas temos planos de dobrar o tamanho da cooperativa", diz Scott Stabbe, gerente da divisão de grãos da Coração de Iowa, enquanto checa de vez em quando no computador a cotação do milho na Bolsa de Chicago. Só o Condado de Story, onde se localiza a cooperativa, deve produzir 813.000 toneladas de milho, e os fazendeiros prevêem que faltarão 127.000 toneladas em capacidade de armazenamento.
Na Scafco Corp., uma fabricante de silos sediada no Estado de Washington, Dennis Queen, gerente de vendas, afirma que elas aumentaram 20% nos últimos 12 meses. A Brock Grain Systems, de Indiana, uma subsidiária da Berkshire Hathaway Co., criou mais turnos semanais e agora opera 24 horas por dia, segundo o gerente John Tuttle. A demanda por silos é tão alta que a fila de espera chega a meses.