Redação (16/01/2009)- A semana foi bastante favorável aos cultivos e criações com o retorno de chuvas mais abundantes e abrangentes e com a temperatura em níveis mais amenos, diminuindo em parte o processo de evaporação da umidade no solo no Rio Grande do Sul. Desta vez, as precipitações se concentraram mais na faixa Norte do Estado, onde se concentra o forte da produção de milho e soja, além de importante pólo de produção leiteira. Já nas Missões e Fronteira Oeste, continua a situação de estiagem na maioria dos municípios, fazendo aumentar o número de decretos para estado de emergência. Na região Sul, chuvas de baixa intensidade fazem aumentar o déficit hídrico, caracterizando um quadro de estiagem, inclusive com diminuição de algumas fontes de água.
De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, foram reavaliadas as produções e produtividades médias regionais das culturas de feijão 1ª safra e milho, culturas estas mais atingidas até o momento. De acordo com técnicos da Emater/RS-Ascar, por ora optou-se por não alterar as projeções do arroz e da soja. A primeira por não apresentar, até o momento, nenhuma conseqüência mais intensa em virtude da estiagem. A segunda, por apresentar um grande percentual de lavouras ainda em fase de desenvolvimento vegetativo, podendo se recuperar de maneira satisfatória caso as chuvas retornem com maior freqüência entre fins de janeiro e fevereiro.
O levantamento que indicou as novas estimativas considerou informações de 283 municípios, perfazendo um total de 75% da área cultivada com essas culturas
Feijão – As precipitações, apesar de irregulares, abrangeram quase todas as zonas de produção, melhorando o desenvolvimento de muitas lavouras que ainda se encontram nas fases críticas de floração e enchimento de grãos, onde é maior a necessidade de água às plantas. A cultura já se apresenta com 52% de sua área estimada colhida. De acordo com a Emater/RS-Ascar, existe 10,16% de redução na produção desta lavoura no Estado, basicamente em decorrência dos problemas causados pela estiagem. Em comparação com a estimativa inicial, haverá uma perda de 9.498 toneladas, caindo para 83.980 t a nova estimativa de produção para o Estado. O rendimento médio estadual decresceu em 102kg/ha, ficando atualmente em 1.025 kg/ha, já estando 1,63% menor que a produtividade atingida na safra passada. As regiões mais atingidas foram o Alto Uruguai, Campanha, Médio Alto Uruguai e Planalto/Produção. Nas outras regiões, existem perdas pontuais e severas em algumas localidades e lavouras, mas ainda não refletindo no todo.
Milho – As temperaturas mais amenas e chuvas mais freqüentes e abundantes favoreceu bastante a cultura, mostrando sinais de boa recuperação em alguns casos, em especial nas lavouras implantadas mais recentemente e nas 13% de área que estão em início de floração.
Todavia, para boa parte das lavouras que se encontram em maturação e que passaram o mês de dezembro sob estresse hídrico, as chuvas pouco modificaram as conseqüências da estiagem. Nessas áreas, os prejuízos são irrecuperáveis, sendo a maioria delas destinada à produção de silagem para alimentação animal. Muitos ainda tentam amenizar a situação replantando algumas áreas, tendo em vista a possibilidade de plantio dentro do zoneamento agroclimático que se prolonga por mais alguns dias (até 20 de janeiro).
A região mais afetada é a Noroeste, onde a maioria das lavouras foi atingida pela estiagem em plena floração, derrubando os rendimentos a níveis críticos. O levantamento da Emater/RS-Ascar, concluído nesta semana, indica uma diminuição da produtividade média para 1.571 kg/ha, face os 3.164 kg/ha estimados inicialmente para a região (-50.35%).
Considerando as áreas de cada região, está projetada para o Estado uma produtividade média de 3.272 kg/ha, contra uma inicial de 3.906 kg/ha (-16,23%). A produção total estimada no momento é de 4.570.698 toneladas, marcando uma diferença de -16,79% em relação à projetada inicialmente. Na comparação com a safra passada, quando foram colhidas 5,227 milhões de toneladas, a diferença já é de –12,57%. Estas já são diferenças consolidadas até o momento.
Na soja, até o momento os efeitos da estiagem ainda estão restritos ao desenvolvimento das plantas ou a questões de germinação, não sendo possível a determinação, em termos de prognósticos, de diferenças em relação às estimativas iniciais. Caso a situação das chuvas se normalize, é possível que o Estado ainda consiga uma produção próxima à projetada inicialmente, estimada atualmente em 7,7 milhões de toneladas.
Para o arroz, as lavouras semeadas em novembro e dezembro estão apresentando maior consumo de água, pois muitas tiveram de ser irrigadas para a ocorrência de uma germinação mais efetiva, encontrado-se 77% em desenvolvimento vegetativo. De maneira mais ampla, a maioria das lavouras se encontra com bom desenvolvimento e as mais adiantadas expressam bom potencial produtivo, não apresentando até o momento sinais de que possa haver diminuição na produtividade esperada. Caso persistam as boas condições para a cultura, é bem provável que o Estado ultrapasse novamente os sete milhões de toneladas.