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Novas gerações, novas fronteiras

Produtores e filhos de produtores da Região Sul levam o agronegócio ao Centro-Norte do país. Apesar das dificuldades, a região tem um diferencial logístico competitivo .

Redação (24/03/2009)- De repente, o outro lado do país ficou ali. Em alguns casos, a distância supera os 3 mil quilômetros. Mas a estrada não impediu que o conhecimento, a tecnologia e o perfil desbravador dos agricultores do Sul transformassem o Centro-Norte do Brasil numa grande e promissora aposta do agronegócio. Muito ainda precisa ser feito, principalmente em termos de infraestrutura. Mas a consolidação dessa nova fronteira caminha a passos largos e estabelece uma nova referência na produção de grãos, o MaToPiBa, região que congrega os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Oeste da Bahia, um território quase que totalmente encravado no Cerrado brasileiro.

Área e produção ainda são incipientes se comparadas ao Sul e ao Centro-Oeste. O destaque está no ritmo em que ocorre o avanço da atividade. Em uma década, a área de soja dos quatro estados cresceu 150%. O resultado da produção foi ainda melhor, com variação acima de 227%, desempenho creditado à produtividade, que se traduz no investimento em tecnologia. No milho, a área saltou mais de 40% e o volume mais de 170%. Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda revelam que o sistema de armazenagem, embora deficitário, também evolui, mas muito aquém da necessidade. Desde a safra 1997/98, passou de 3,5 para 7,2 milhões de toneladas, ou 106%.

Pelos dados oficiais dos órgãos de monitoramento da agricultura, o MaToPiBa planta hoje 3,5 milhões de hectares com soja e milho, culturas que representam mais de 80% da produção de grãos do país. Com base nesse levantamento, no ano passado a Expedição Safra RPC mapeou essa região e projetou um potencial adicional de incorporação de área de 6,5 milhões de hectares (leia matéria na página 3). Se isso ocorrer, em uma década os quatro estados vão somar 10 milhões de hectares, uma área igual à destinada à cultura no Paraná, primeiro produtor nacional.

Para o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, “essa nova fronteira vai acontecer, inevitavelmente, com ou sem a participação do governo”. Ele destaca, porém, que o ritmo desse avanço vai depender de preço e mercado das commodities agrícolas, e que sua vontade é que isso ocorra com a presença do governo.

Uma das peculiaridades da incorporação dessas regiões é que ela acontece pelas mãos de uma nova geração de agricultores. Eles são filhos de produtores que ainda mantêm a atividade no Sul, como é o caso de famílias gaúchas e paranaenses citadas nesta edição.

Festa da colheita

Nesta quinta-feira, junto com a Expedição Safra RPC, o ministro participa da abertura da colheita nessa região. O palco escolhido para simbolizar os quatro estados foi o Piauí. O local será uma comunidade de produtores no Distrito de Nova Santa Rosa, na Serra Branca, a 150 quilômetros do município de Uruçuí.