Uma nova etapa no processo utilizado na colheita do milho para a nutrição animal é desenvolvida por pesquisadores da Unesp de Botucatu (SP). O procedimento, que usa o processo do esmagamento do material por meio de rolos compressores, oferece maior benefício para a nutrição animal e maior intervalo para o aproveitamento da colheita do milho.
No método tradicional, a forragem utilizada para alimentar os animais, mais conhecida como silagem, tem início no campo quando as máquinas colhem e picam as plantas que serão levadas até o silo e depois compactadas para o armazenamento. No sistema desenvolvido pelos pesquisadores da Unesp de Botucatu e liderado pelo professor Ciniro Costa, do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), este procedimento ganha uma nova fase: a do esmagamento do material após a colheita por um sistema de rolos compressores que são regulados para que nenhum grão passe intacto pelo mecanismo.
Segundo o zootecnista Ciniro Costa, durante essa etapa, ocorre a quebra do pericarpo, ou seja, da película de celulose que envolve o grão de milho completamente desenvolvido. Isto facilita o ataque dos microorganismos ruminais e das enzimas do trato digestório do animal aos nutrientes contidos no grão, aumentando o aproveitamento do amido em 15%. “De modo geral, este processamento melhora em média 30% o aproveitamento do alimento pelo animal, sugerindo em tese, uma menor quantidade de alimento fornecido”.
Os pesquisadores também centraram seu trabalho no tempo de colheita do milho. No método comum, colhe-se a planta quando os grãos apresentam-se ¼ leitoso. A silagem, neste caso, é feita no período em que os grãos apresentam-se com sua metade cheia até o seu enchimento completo. Neste ponto a planta atingiu o máximo da produtividade proporcionando melhor desempenho aos animais. É um período curto, que dura no máximo uma semana.
De acordo com Cirino Costa, o novo procedimento aumentou o intervalo ou janela de colheita da planta para até duas semanas. No processo de esmagamento, a colheita pode ocorrer mesmo depois de passado o ponto ideal e há um aumento médio de 30% na degradabilidade do material. O pesquisador explica que sem o esmagamento, e pelo fato da cultura se encontrar em um estádio mais avançado de maturação, grande parte dos nutrientes não seriam absorvidos ou aproveitados pelo animal e seriam perdidos nas fezes. O esmagamento proporcionaria um melhor aproveitamento.
Na prática, o benefício para a nutrição animal foi comprovado por meio de alimentos depositados no rumem de três vacas e analisados por uma abertura cirúrgica que permite o acesso direto órgão. Com um aproveitamento alimentar 30% superior, o processamento propicia fornecer menos alimento ao animal, oferecendo um reflexo econômico imediato para o produtor.
A próxima etapa do estudo é desenvolver uma colhedora de milho para ensilagem que já vai contar com o dispositivo apropriado para esmagar os grãos que escapam durante a picagem do material.