Da Redação 07/07/2003 – Falta de armazém. Este é mais um complicador para a safrinha de milho, de 10 milhões de toneladas, que começa a ser colhida a partir de 20 de julho, não bastassem outros conspiradores para derrubar os preços. Os analistas de mercado estão incluindo a falta de local de armazenagem, como fator de pressão sobre os preços ao produtor.
””Estamos com os silos cheios de soja, que ainda não foi vendida; temos milho da safra de verão, que foi boa em termos de produtividade, e ainda resta um pouco de trigo, isto no caso do Paraná”” – lembra André Pessoa, entrevistado esta semana pela Folha Rural.
””Só há um caminho para este milho, é o Porto de Paranaguá”” – resume Pessoa, um dos mais experientes analistas de mercado.
Segundo ele, os grandes consumidores internos já estão ””posicionados”” até setembro, eles não fizeram aposta na safrinha deste ano. Já haviam se abastecido na grande oferta que houve na safra de verão.
Isto faz com que não haja interesse pela compra. Não neste momento, pelo menos. Isto pressiona o mercado.
A queda em dólar – Conforme dados da Agroconsult, há um mês era possível exportar milho a 115 dólares, 10 dias atrás caiu para 105 dólares por tonelada e agora falam em 100 dólares por tonelada e não será surpresa se o Brasil vender milho abaixo de 90 dólares nesses próximos 60 dias.
Isto significa que teremos espaço para queda de até 2 reais por saca a menos que os preços desta semana. Até agora o Brasil colocou no mercado cerca de 1 milhão de t e para equilibrar o mercado para final do ano teremos de exportar pelo menos mais 2 milhões de toneladas. E há um espaço muito curto de tempo para combinar exportação de soja e milho suficiente para exportar 2 milhões de t de milho antes da entrada da colheita norte-americana no mercado a partir de setembro.
Ou seja, vamos ter um volume muito grande de milho indo para o mercado e numa disputa com os argentinos pelo mercado internacional. Vai virar um leilão de milho entre Brasil e Argentina com uma tendência é claro de uma redução dos preços hoje praticados na América do Sul.
””A nossa expectativa”” – diz André Pessoa – ””é que esses preços caiam até a faixa de 90 dólares a tonelada com reflexo sobre a paridade de importação que é hoje o piso da região Centro Sul do Brasil.
A única mudança possível nessa paridade de exportação e, portanto, nos preços do mercado doméstico seria advinda da taxa de câmbio. E se a taxa de câmbio subir, sobe o milho mas sobe a soja também então é preferível ficar com a soja a ficar com o milho.
Para quem tem compromisso imediato, a melhor alternativa é vender logo o milho e já ir fazendo uma média de comercialização da soja.