Da Redação 09/06/2003 – Há uma nova formação no cenário mundial da soja e o Brasil ganha força no mercado – informou esta semana o especialista em análise de commodities, Fernando Muraro, da Agência Rural, de Curitiba (PR). Em palestra no Sindicato Rural de Cambé, o técnico garantiu que o aumento de área e, consequente aumento da oferta na próxima safra, não significa que o mercado venha a praticar preços menores. Pelo contrário, a soja manterá sua rentabilidade e liquidez – afirmou. E deve manter o patamar de preços em dólares.
Frisando que o mercado da soja é regido pelo câmbio, o técnico afirma que houve um significativo aumento da demanda da soja nos últimos anos que foi ocupado pelo Brasil e Argentina. Os Estados Unidos, apesar do aumento da demanda, manteve sua produção e oferta, não aproveitando a fase histórica do comércio mundial. Ao contrário do Brasil, os EUA chegaram no limite de sua produtividade.
De 1997/98 para cá a produção mundial da soja – em números aproximados – saltou de 158 milhões de toneladas para 194 milhões de t, um aumento de cerca de 36 milhões de t. O consumo, no mesmo período saltou de 150 milhões de t para 195 milhões de toneladas (+45 milhões de t).
O crescimento do consumo se dá em velocidade superior ao crescimento da produção. Isto faz com que o mercado permaneça firme, apesar da supersafra brasileira esperada para o ano que vem.
””O mais importante é observar que o crescimento da produção ocorre em cima das safras brasileira e Argentina””, frisou o especialista.
Números históricos – O Brasil sai de 31 milhões de t, naquele ano, para 49 milhões de t na última safra. A Argentina sai de 20 milhões de t para 35 milhões; o Paraguai, de 3 milhões para 4 milhões de t. E os Estados Unidos? Os EUA, no mesmo período, mantém sua produção em torno de 74 milhões de toneladas.
O que Fernando Muraro chama de ””nova formação”” de preços é o fato de a América do Sul, pela primeira vez na história, está produzindo mais soja que os EUA. É interessante entender o seguinte: a safra sul-americana colhida agora, de 90 milhões de t supera a norte-americana, de não mais que 75 milhões de t. E ultrapassa, de imediato, com uma vantagem de 15 milhões de t.
Outro ponto é a situação dos estoques norte-americanos: estão muito baixos, cerca de 3,6 milhões de toneladas. Situação igual só a de 1997/97. Os preços internos responderam imediatamente.