Redação (07/11/2008)- A produção mundial de cereais deverá alcançar 2,242 bilhões de toneladas na temporada 2008/09, conforme estimativa divulgada na quinta-feira pela FAO, braço da ONU para agricultura e alimentação. A safra está em fase de colheita no Hemisfério Norte e de plantio abaixo da Linha do Equador – inclusive no Brasil. Se confirmado, o volume projetado será 5,3% superior ao do ciclo 2007/08 e marcará um novo recorde histórico.
Em comunicado, a FAO destaca que, pela primeira vez nos últimos quatro anos, sua projeção para a produção é mais do que suficiente para atender à demanda prevista, uma vez que em 2007/08 o "superávit" foi marginal (ver quadro). Reflexo desse quadro mais confortável é a estimativa da agência da ONU para os estoques finais mundiais, que, tudo indica, também deverão aumentar.
A demanda total ao longo da temporada 2008/09 foi calculada em 2,197 bilhões de toneladas, 3,3% mais que na safra passada. Trata-se de um percentual de crescimento menor que o projetado para a produção, e esse descasamento resultou em estoques finais globais de 474 milhões de toneladas no ciclo atual, 9,4% maior.
Em tempos menos contaminados pelas movimentações financeiras nos mercados de commodities, a confirmação das previsões da FAO – que, em grande parte, dependerá do comportamento do clima no Hemisfério Sul nos próximos meses – significaria uma tendência de preços mais baixos dos alimentos pelo menos até o primeiro trimestre do próximo ano, e esta é uma grande preocupação desse braço das Nações Unidas.
Em 2007/08, a disparada das cotações de produtos como trigo, soja, milho e arroz no mercado internacional, que atingiu o ápice no primeiro semestre deste ano, elevou o número de pessoas subnutridas no mundo para cerca de 923 milhões. A recente queda de preços nas bolsas, diz a FAO, ainda não chegou aos consumidores da maioria dos países.
No longo prazo, alerta, a agricultura global enfrentará grandes desafios cujas soluções precisam começar a ser desenvolvidas agora. Haverá menos terras e água disponíveis, menos investimentos em infra-estrutura rural e pesquisas agrícolas, aumento de custos de produção e mudanças climáticas. É neste cenário que mais de 9 bilhões de pessoas terão de ser alimentadas até 2050, conforme as projeções atuais, e para isso a oferta terá mais do que dobrar.