Da Redação 06/12/2005 – Câmbio valorizado e oferta acima do esperado estão pressionando as cotações do milho em várias regiões do país. No Paraná, por exemplo, onde a cotação caiu abaixo do preço mínimo, o governo disponibilizou R$ 34 milhões para fazer aquisições de milho, um tipo de operação que não ocorria desde 2001 no Estado, segundo a Conab. Os recursos são suficientes para comprar 150 mil toneladas de milho.
Os preços no mercado disponível ficaram em R$ 12,50 por saca em novembro no mercado disponível do Paraná e permanecem nesse patamar, segundo levantamento da Safras & Mercado. O preço mínimo no Paraná é R$ 13,50. Na média da região Centro-Sul, a cotação ficou em R$ 13,80 ante R$ 14,64 em novembro de 2004. No começo de dezembro, a pressão se mantém: no Paraná, o produtor recebe das cooperativas, em média, R$ 10,50 pela saca de milho, o menor preço desde novembro de 2001, segundo Paulo Molinari, da Safras.
Para o analista, há um conjunto de fatores derrubando as cotações de milho, entre eles a oferta acima das expectativas na safrinha, a chamada segunda safra. “A safrinha é maior do que parte do mercado estava esperando”, afirmou. Segundo ele, isso ocorre porque as chuvas se normalizaram a partir de abril nas regiões de produção depois de um período seco. Com isso, houve tempo para o plantio, e as lavouras já semeadas puderam se recuperar.
A própria Safras reviu a estimativa inicial de produção, que era de 8,9 milhões, para entre 9,4 milhões e 9,5 milhões de toneladas. Há ainda outro fator de pressão: houve a quebra da safra de trigo e parte da produção foi destinada à ração animal porque houve perda de qualidade. “Há entre 800 mil e 1 milhão de toneladas de trigo ruim para ração no mercado”, afirmou Sílvio Farnese, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Pelos cálculos da Safras, são 1,2 milhão de toneladas de cereal de baixa qualidade numa produção total de 5,2 milhões de toneladas de trigo no país.
Outro dado levanta dúvidas no mercado: o tamanho da quebra na safra 2004/05 de milho do Rio Grande do Sul por causa da seca. A Emater estima uma produção de 1,610 milhão de toneladas, mas a Safras, por exemplo, estima 2,9 milhões de toneladas.
Para Molinari, a oferta de milho também está acima das expectativas porque os produtores tiveram de sair vendendo o grão para plantar a safra 2005/06. “Já restrição de crédito por isso o produtor teve de vender seus estoques”, afirmou.
Além desses fatores, os produtores também tiveram de enfrentar o câmbio valorizado, que desestimulou as exportações. “Não há exportação e o produto vai para o mercado interno”, disse Flávio Turra, da Ocepar – Organização das Cooperativas do Paraná. Os números mostram que houve mesmo desânimo para vender no exterior. Em 2004, o país embarcou 5 milhões de toneladas. Este ano, até outubro foram 800 mil toneladas.
Os R$ 34 milhões disponibilizados pelo governo fazem parte de um pacote de R$ 300 milhões para alavancar a comercialização de milho, trigo e arroz no país.