A cada ano o Paraná registra aumento no volume de produção e na área plantada de soja, e se mantém firme na segunda posição do ranking nacional, atrás apenas do Mato Grosso. São resultados de pesquisas de melhoramento genético reforçadas por boas perspectivas de mercado, que estimulam produtores. O grão, por sua vez, tem se tornado a menina dos olhos no meio rural. Nesta safra, por exemplo, as previsões são as mais otimistas, com possibilidade de que o Estado bata o recorde de produção da oleaginosa, ultrapassando 13 milhões de toneladas. O índice é 40% maior que o volume da temporada anterior. A área plantada totaliza 4,38 milhões de hectares contra 4,02 milhões do ciclo 2008/09, crescimento de 9%.
Em âmbito nacional também é destaque. Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra da soja deverá somar 65,2 milhões de toneladas em 2010, com aumento de 14,4% ante o ciclo anterior. A importância da oleaginosa no agronegócio brasileiro pode ser observada pelo resultado das exportações do setor em 2009. O complexo soja liderou as vendas do agronegócio brasileiro no exterior no ano passado. Representou 26% do total das receitas, totalizando US$ 17,24 bilhões.
São números representativos, os quais indicam quanto a soja é importante para os negócios brasileiros e, principalmente, paranaenses. Mas qual o futuro da produção do grão no Estado? Chegou-se ao limite da fronteira? ®MDNM¯Como e para onde está caminhando a cultura da soja? A FOLHA ouviu especialistas que apontam as tendências do setor, principalmente no que concerne às pesquisas de melhoramento genético da cultura. Os quais alertam, categoricamente, que medidas “porteira à dentro”, como a rotação de culturas, podem resultar em maiores produtividades a médio e longo prazos. Ações que em par com a tecnologia poderão vencer os limites geográficos para o cultivo da oleaginosa no Estado.
Conforme Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Departamento de Econômia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) a fronteira de produção da soja está praticamente no limite. Para crescer mais, espacialmente, teria que tomar o lugar de outras culturas do período como milho e feijão, medida que – garantem os especialistas – não é interessante agronomicamente. “Daqui para frente, dificilmente teremos expansão expressiva em área plantada de soja”, observa Hubner.
Para se ter uma ideia, nas últimas quatro décadas a área plantada da oleaginosa quase triplicou. De acordo com o Deral, na década de 1970 a média foi de 1,6 milhão de hectare (ha). No período seguinte ficou em 2,1 milhões de ha. Na década de 1990, a média de área produzida subiu para 2,3 milhões de hectares. Na atual, ficou em 3,7 milhões de ha. “Essa tendência de crescimento não continua”, afirma o técnico do Deral, ressaltando que nas últimas cinco safras, o índice permanceu praticamente estável: 4,1 (2004/05), 3,9 (2005/06), 3,9 (2006/07), 3,9 (2007/08), 4,0 (2008/09), 4,3 (2009/10).
Em produtividade, o crescimento também foi constante nas últimas décadas e deverá continuar em um bom ritmo nos próximos anos, graças à tecnologia. Na década de 1970, a média foi de 1,9 mil quilos por hectare. De 2001 a 2009 foi de 2,7 mil hectares. A maior produtividade média foi de 3,069 quilos por hectares em 2001. A expectativa para a safra atual é que a média também ultrapasse os 3 mil quilos por hectare. “A tendência é de crescimento mesmo que a área se mantenha. Afinal, estamos em um Estado bastante tecnificado, com máquinas eficientes. E as variedades têm sido cada vez mais produtivas, resistentes às intempéries e às doenças”, frisa Hubner.