Por não adotar o vazio sanitário, o Paraguai se tornou um foco disseminador de ferrugem asiática para o Brasil. O fungo Phakopsora pachyrhizi se perpetua em pés de soja que nascem de sementes perdidas nas lavouras e estradas, bem como em plantas como o cudzu, que serve de pastagem no país vizinho.
Com isso, o Oeste, região mais beneficiada do Paraná pelo vazio sanitário interno – uma vez que a medida adia o aparecimento do fungo e por lá o plantio começa primeiro – acaba sendo regularmente exposto à doença. “A ferrugem não conhece divisa de rio ou país”, afirma a agrônoma Tatiane Dalla Nora, que atua na região.
Na última safra, o Paraná autuou 50 agricultores responsáveis por 1,9 mil hectares de soja no período de cultivo proibido, entre 15 de junho e 15 de setembro. Em Mato Grosso do Sul, o vazio sanitário não impediu o plantio em 27,9 mil hectares. O fungo da ferrugem se hospeda ainda em plantas como o próprio feijão.
Mesmo diante desse quadro, o vazio sanitário é um instrumento decisivo no controle da ferrugem, diz Tatiane. Em sua avaliação, o produtor não está em condições de dispensar também aplicações preventivas.