Confiantes no clima, os agricultores paranaenses vão puxar um terço do plantio da soja 2012/13 para o início da temporada, avalia a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Dependendo do clima e da disponibilidade de máquinas, perto de 1,5 milhão de hectares deve ser semeado antes do fim de setembro. O zoneamento agroclimático autoriza o plantio a partir do dia 21, daqui um mês.
A antecipação reflete o ânimo do campo com os preços das commodities agrícolas (leia entrevista na página 2), embalados pela quebra histórica na colheita dos Estados Unidos. Segundo a Ocepar, a concentração do plantio no início do ciclo foi adotada em 1,4 milhão de hectares em 2010/11 e será acentuada.
Plantando a soja mais cedo, os agricultores antecipam a colheita da oleaginosa e ganham tempo para o plantio, na sequência, de milho de inverno. A meta final é retirar o cereal do campo também antecipadamente, reduzindo danos de possíveis geadas.
Essa estratégia não garantiu boa produtividade à soja na última safra. Além de antecipado, o plantio foi concentrado no início da temporada, o que acabou potencializando o impacto da seca nas lavouras paranaenses. O rombo na produção foi de mais de 4 milhões de toneladas, conforme levantamento do núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo. As estimativas preliminares da safra apontavam potencial de colheita de 14,9 milhões de toneladas, que acabaram totalizando 10,8 milhões de toneladas.
Neste ano, porém, os prognósticos climáticos indicam que o estado estará sujeito a riscos menores. Isso porque os meteorologistas confirmam a ocorrência do fenômeno El Niño, normalmente sinônimo de safra cheia, com chuvas boas e bem distribuídas.
O assessor técnico da Ocepar, Robson Mafioletti, recomenda, porém, que os agricultores façam o plantio escalonado e com sementes de ciclo precoce (115 dias), conforme o solo e a época de semeadura. “Quem plantar no segundo decêndio de setembro, mas com variedades superprecoces, pode ter problema. Essas sementes devem ser utilizadas por quem plantar em outubro”, esclarece o agrônomo.
No Paraná, existem aproximadamente seis variedades voltadas ao plantio antecipado, que ocupam 70% do terreno destinado ao cultivo de soja. Boa parte delas tem hábito de crescimento indeterminado, uma tecnologia que permite a retomada de crescimento da planta mesmo após um período de seca. A escolha da semente foi, aliás, o que impediu maior quebra na produção do estado na última temporada, avaliam técnicos consultados pela reportagem.
As regiões que devem liderar a largada da safra 2012/13 são as que tradicionalmente apostam na segunda safra de milho, cultivada durante o inverno – Oeste, Norte e Noroeste do estado. Juntas, devem reservar 3 milhões de hectares à soja.
Uma portaria do zoneamento agroclimático publicada no Diário Oficial da União na semana passada autoriza o início do plantio a partir de 21 de setembro na maior parte dos municípios dessas regiões.
Compra de última hora oferece risco – O risco de atraso na entrega de fertilizantes ronda o agricultor que deixou para fazer a compra na véspera do plantio da safra de verão. Como a procura está alta e parte do fertilizante está retida no Porto de Paranaguá, devido ao grande volume a ser descarregado ao acúmulo de serviço, a distribuição tende a se estender até novembro.
“Pode ocorrer de algum produtor que não fez o pedido na cooperativa, ou que vai precisar de uma quantidade adicional, ter dificuldade na retirada”, ressalta gerente de Fertilizantes da cooperativa Integrada, Edson Arthur de Oliveira, que atua em Londrina.
O responsável pela área de adubo da Castrolanda Edson Martins faz a mesma previsão. Segundo ele, quem não antecipou a compra, como fez a maioria, pode encontrar problema na limitação de fertilizante disponível no mercado.
“Quem não antecipou e hoje entrar comprando grandes volumes para a safra de verão deve ter grandes problemas com a limitação das fábricas, com entregas muito próximas do plantio. É grande a possibilidade de falta de produto na indústria”, reforça.
De acordo com informações da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), dos 113 navios na fila de espera para atracar, 48 estão carregados com fertilizantes. Há casos de embarcações aguardando desde o dia 21 de junho. “Historicamente, os meses de agosto e setembro são muito concorridos no porto”, afirma Oliveira.