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Paranaenses pedem mais por soja convencional

<p>"Quem quiser soja convencional terá de pagar um diferencial", afirma José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo.</p>

Da  Redação 02/08/2005 – Para compensar os gastos a mais no plantio, segregação e pagamento de royalties, cooperativas e produtores do Paraná querem receber pelo menos 20% a mais pela soja convencional do que pela transgênica e preparam-se para cobrar essa diferença dos clientes, principalmente importadores.

José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo, de Campo Mourão – maior cooperativa agropecuária do país – informou que está negociando com compradores alemães e franceses o pagamento de adicionais pela soja convencional.

Em setembro de 2004 ele esteve na Europa para falar sobre isso, mas não obteve êxito porque a oferta do grão convencional era grande no Brasil. Em outubro próximo, Gallassini fará nova incursão ao velho continente para conversar com 12 clientes. Mas, desta vez, será mais duro. “Quem quiser soja convencional terá de pagar um diferencial”, disse.

Para a safra 2005/06 a Coamo está disponibilizando 150 mil sacas de sementes transgênicas aos cooperados. Os diretores do grupo acreditam que 20% da área da cooperativa – que tem 19 mil cooperados no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul – serão cultivadas com grãos transgênicos.

Gallassini disse que o adicional a ser exigido dos compradores ainda depende, em parte, dos royalties que serão cobrados dos produtores de transgênicos. Se fosse fixado um adicional de 20%, por exemplo, 15% ficariam com o agricultor e 5% com a cooperativa, para cobrir gastos com segregação. Mesmo que essa diferença seja maior, o presidente da Coamo afirmou que a tendência é de que, em dois anos, 95% da soja brasileira seja transgênica.

Na Cocamar, de Maringá, os diretores também estão na expectativa de que a soja convencional e seus derivados sejam negociados por preços superiores, principalmente a partir de 2006. Em 2004/05, a região ocupada por seus 7 mil cooperados tinha pouca soja transgênica, mas para 2005/06 a expectativa é de que 15% da área seja ocupada por sementes geneticamente modificadas. Assim, a cooperativa receberá tais grãos, mas vai segregá-los.

“O óleo de soja convencional começa a dar sinais de que vai se valorizar”, disse Celso Carlos dos Santos Júnior, superintendente comercial e industrial da Cocamar. Segundo ele, derivados como lecitina de soja (usada na fabricação de chocolate, por exemplo) já estão mais caros. A Cocamar, afirmou, está preparada segregar os grãos, mas a tarefa ficará complicada quando a produção ficar meio a meio.

Na Cooperativa Agrária Mista Entre Rios, de Guarapuava, a prometida redução no custo de produção ainda não animou muitos produtores a optarem pela soja transgênica. Arnaldo Stock, diretor financeiro do grupo, disse que 2,3% das lavouras dos cerca de 500 associados receberão semente modificada em 2005/06, mas esses grãos não serão industrializados.

Stock também crê que é hora de cobrar mais pelo grão convencional. “Quando pedíamos mais, os clientes perguntavam o motivo, já que no Brasil só era permitido plantar convencional”. Para ele, a divisão do mercado seguirá a seguinte fórmula nos próximos anos: 1% para a soja orgânica, 10% para a convencional e o restante para a transgênica.