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Pequeno alívio para a agricultura

<p>Depois de sofrer com o câmbio nos últimos três anos, o setor agrícola começa a respirar mais aliviado.</p>

Redação (17/11/06) – O plantio da próxima safra está sendo feito com um dólar mais baixo do que a cotação que deverá estar vigorando na época da colheita. “É uma boa notícia”, afirmou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. “Mas que ninguém se anime muito.

A recuperação que o setor agrícola terá na próxima safra não será suficiente para recompor todas as perdas do passado”, ressaltou. Desde 2003, o setor plantou com um dólar alto e colheu com a moeda americana em queda. Os prejuízos ainda foram potencializados pela forte seca que atingiu o Sul do país.

Na avaliação de Leal, apesar de o cenário ser tranqüilo para a inflação de 2007 – as projeções apontam para uma taxa de 4,2%, abaixo do centro da meta, de 4,5%, perseguido pelo Banco Central – os estragos provocados pelo câmbio na agricultura poderão trazer problemas inesperados. O mais evidente deles: a redução da área plantada de soja. Desde o mês passado, o preço do grão começou a subir com força no mercado internacional, levando as cotações do milho e do trigo. Como o Brasil é um dos maiores exportadores de soja do mundo, se a sua produção é menor, os preços aumentam ainda mais. E o impacto na inflação não é nada desprezível.

Em outubro, por exemplo, os preços dos produtos agrícolas – mesmo com o dólar fraco – levaram os índices gerais de preços (IGPs) para patamares inesperados, acima de 0,80%. Os IGPs refletem o custo de produção da indústria. E, em algum momento, o encarecimento das matérias-primas e dos insumos será repassado aos consumidores. É por isso que alguns economistas andam acompanhando com lupa o mercado internacional de produtos agrícolas.

Importações crescem

Especialista em inflação, o economista Carlos Thadeu Filho, do Grupo de Conjuntura Econômica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que o atual “choque” de produtos agrícolas é passageiro e não deve se prolongar por 2007. Ele acrescentou que os preços dos alimentos tendem a se manter tranqüilos, já que os produtores estão importando adubos e fertilizantes mais baratos – somente nos dois primeiros dias úteis deste mês, as compras desses produtos no exterior aumentaram 109,1%. “Mas há uma pressão pela recomposição de margens de lucro entre os agricultores. E isso pode, de certa maneira, dar um gás na inflação”, assinalou Thadeu Filho.

No Ministério da Agricultura, o sentimento é de confiança. O ministro Luís Carlos Guedes Pinto, aposta que, com o câmbio estabilizado e as medidas adotadas pelo governo para socorrer os agricultores em crise, a safra 2006/2007 será pelo menos 1,1% maior do que a anterior. A produção de grãos deverá ficar entre 118,9 milhões e 121,3 milhões de toneladas. No caso da soja, porém, as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam para redução de 4,9% na área plantada, algo como 1,1 milhão de hectares a menos.