Redação (25/07/2008)- Brasil deixou de colher 418 mil toneladas de soja na safra 2007/08 por causa da ferrugem asiática, uma das principais doenças que afetam a lavoura no Brasil, avaliou nessa quinta-feira levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O volume que o Brasil não colheu pela ferrugem é bem menor do que o verificado na safra passada (2006/07), quando a Embrapa estimou perdas de 2,6 milhões de toneladas. Isso ocorreu devido a uma menor disseminação do fungo em 07/08.
A ferrugem da soja, se não tratada adequadamente com fungicidas, pode reduzir a produtividade de uma lavoura em até 80%.
Mas em 2007/08, o sojicultor, até para ter assegurada sua produtividade em uma época de preços altos, preveniu-se e investiu no combate à doença, gastando US$ 1,97 bilhão, contra US$ 1,5 bilhão em 06/07, aumento de 31,3%.
"Comparando com a safra anterior, a incidência foi menor. A ferrugem foi agressiva só nos últimos plantios", afirmou a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, em entrevista.
Segundo a pesquisadora, o chamado "vazio sanitário", que proíbe o plantio irrigado de soja no inverno, impedindo que o fungo sobreviva no campo de uma safra para a outra, foi fundamental para reduzir a disseminação da ferrugem no País – vários Estados adotaram o vazio.
"Além disso, com a seca no início do plantio, a semeadura ocorreu mais tarde, e estendeu o vazio", acrescentou ela, lembrando que o fungo se dissemina mais facilmente em condições úmidas e quentes.
O número médio de aplicações de fungicidas no Brasil em 07/08 foi de 2,2, a um custo de US$ 43 por hectare.
Na safra passada, os produtores fizeram em média 2,3 aplicações, mas o custo foi inferior, com os preços dos fungicidas naquela época mais baixos do que os atuais.
Em 06/07, cada aplicação custou US$ 33 por hectare, segundo a patologista da Embrapa.