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Perdas com ferrugem da soja no país atingem US$2,19 bi

<p>As perdas com ferrugem asiática da soja no Brasil atingiram 2,19 bilhões de dólares na safra 2006/07, ficando levemente acima das registradas na temporada anterior (2,12 bilhões de dólares), informou nesta segunda-feira a Embrapa.</p>

Redação (15/05/07) – O valor considera as perdas na produção e os gastos dos produtores no combate à doença. ”O que estamos vendo é que ocorreu algo muito parecido com a safra passada. A tendência é que se estabilize nesses números, a não ser que ocorra mudança, com variedades resistentes, vazio sanitário, mas está se estabilizando”, afirmou à Reuters a fitopatologista chefe da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, por telefone.

De acordo com a pesquisadora, as mesmas chuvas que favoreceram a produtividade da safra, cuja colheita está sendo finalizada, também proporcionaram o desenvolvimento do fungo. A produção brasileira cresceu este ano 7,7 por cento ante 2005/06, para 57,5 milhões de toneladas, apesar de redução de área de 7 por cento. A ferrugem avança mais com o tempo úmido e quente. ”Perdas sempre vão existir, porque o produtor muitas vezes perde o momento certo de aplicação, então não se consegue ter 100 por cento de controle”, acrescentou a pesquisadora, lembrando que o país poderia reduzir os gastos e o prejuízo apenas no momento em que for plantada uma variedade de soja mais tolerante ou resistente à doença.

O levantamento da Embrapa, realizado junto a fundações de pesquisa, cooperativas, universidades e órgãos de assistência técnica, revelou ainda uma média nacional de 2,3 aplicações de fungicida por hectare (ao valor médio de 33 dólares por hectare), número semelhante ao da safra passada. A fitopatologista afirmou também que, quando o vazio sanitário no inverno se estabelecer nacionalmente, para que se evite a chamada ”ponte verde” para a sobrevivência do fungo de uma safra para a outra, o Brasil poderia reduzir as perdas com a ferrugem.

Na safra 06/07, o vazio sanitário foi implantado nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo. Na próxima temporada, é provável que seja implantado em outros importantes produtores, como o Paraná, segundo ela. ”O que observamos é que o pessoal deixou de plantar soja (no inverno), mas ninguém eliminou a soja voluntária, que também serviu como fonte de inóculo. Então (o combate na próxima safra) vai depender da eficiência desse vazio”, destacou ela. ”E também já está se falando em soja resistente (à ferrugem), temos que aguardar”, completou.

GASTOS

Enquanto o vazio sanitário não funcionar de uma maneira mais eficaz e variedades resistentes/tolerantes não forem plantadas em larga escala, os gastos com ferrugem devem se estabilizar nos atuais patamares. Em 2006/07, a Embrapa calculou em 1,58 bilhão de dólares os gastos com aplicação de fungicida. ”Possíveis variações (nas próximas safras desse valor) seriam decorrentes da taxa cambial e do preço da saca de soja”, comentou Cláudia.

A Embrapa informou ainda que o Brasil deixou de colher por causa da incidência da doença 2,67 milhões de toneladas de soja, ou 4,5 por cento da produção nacional. Esse volume, a um preço médio de 230,60 dólares por tonelada no mercado local, resultou em prejuízo de 615,7 milhões de dólares.

A pesquisadora disse ainda que, por mais eficientes que sejam os produtos para combater a doença, muitas vezes as condições climáticas não permitem que se faça a aplicação, ”fato observado na maioria dos casos onde foram constatadas perdas nesta safra”. Não combatida, a ferrugem pode reduzir a produtividade da lavoura em até 80 por cento.