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Perto de perder a liderança em soja, americanos agora buscam parceria

<p>Conscientes de que em breve perderão definitivamente a liderança nas exportações de soja em grão e preocupados com a concorrência entre a oleaginosa e o milho nas lavouras americanas, os Estados Unidos trabalham num plano para o desenvolvimento da cadeia de soja até 2020, em parceria com Brasil, Argentina e Paraguai.</p>

Redação (11/05/07) –  Craig Ratajczyk, diretor de assuntos globais e alianças do Conselho de Exportação de Soja dos EUA (Ussec, sigla em inglês), afirmou que os principais objetivos dos americanos são investir em pesquisas para desenvolver produtos de alto valor agregado a partir da soja – como plásticos, tintas e outros polímeros, atualmente feitos a partir do petróleo – e abrir mercados. Para isso, fecharam em dezembro de 2006 um acordo com os países sul-americanos. O primeiro país em foco é a Índia. 

"A Índia possui 1 bilhão de habitantes, e a maioria é vegetariana. Hoje as importações são mínimas mas há potencial para que até 5% das exportações mundiais vão para aquele país", afirmou Ratajczyk. 

Ele observou que Brasil e Argentina têm um grande potencial para aproveitar a soja na produção de biodiesel, mas o mesmo não ocorre nos Estados Unidos. "O custo de produção lá é maior que na Argentina e, dependendo dos preços internacionais, é mais rentável produzir biodiesel a partir da canola ou do girassol", comparou. O governo americano estima a produção de biodiesel do país em 300 milhões de litros neste ano. Por isso o interesse das indústrias em desenvolver produtos a partir da soja. 

As esmagadoras de soja dos EUA também se deparam com uma capacidade ociosa grande, em torno de 20%. Na Argentina o índice é o mesmo e, no Brasil, 25%. "Outra questão é que as fábricas estão velhas, mais que as instaladas na América do Sul", observou. Conforme Ratajczyk, também preocupa aos americanos os investimentos crescentes das multinacionais na China, no Leste Europeu e na América Latina. "Essas regiões serão grandes fornecedoras de grãos. Temos que nos diferenciar oferecendo produtos novos." 

Do lado da demanda, os Estados Unidos também são pressionados pela necessidade de reduzir a área plantada com soja e ampliar a área de milho. Projeção feita pela Agência Rural revela que, para atender à demanda de etanol, os Estados Unidos terão de aumentar a área com milho de 32 milhões para 39 milhões de hectares até 2010. Em conseqüência, deverão reduzir a área de soja de 30 milhões para cerca de 25 milhões de hectares. 

"Essa redução abre um grande mercado potencial para o Brasil", afirma Fernando Muraro, analista da Agência Rural. Conforme projeção feita pela RC Consultores, o Brasil deve produzir 70,6 milhões de toneladas de soja em 2010 e 105 milhões até 2020. Ratajczyk, da Ussec, acrescenta que a expansão de área nos EUA também é limitada pelo Programa de Conservação de Reservas (CRP). 

Conforme Ratajczyk, ainda não há previsões sobre o futuro do plantio da soja nos Estados Unidos. A cadeia produtiva fia-se nas projeções feitas pelo USDA. "É difícil fazer uma projeção de longo prazo. As políticas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Farm Bill exercem um grande impacto sobre as decisões de plantio", afirmou. Além disso, disse, China e Leste Europeu são imprevisíveis no longo prazo. Ele reiterou que hoje os estoques globais são grandes e não descartou a possibilidade de importar soja do Brasil no futuro. "Já importamos farelo no passado. Se for necessário, certamente faremos isso."