O sistema de plantio direto de grãos apresenta mais benefícios do que o convencional, aponta um estudo de 30 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. “Diante de todos os dados e por meio dos experimentos realizados nas áreas da Embrapa, podemos comprovar que a produtividade de grãos pelo sistema plantio direto é 60% maior que o convencional”, afirma o pesquisador Henrique Debiasi.
Segundo ele, o plantio convencional apresenta dois sérios problemas: “Primeiramente, o solo fica exposto ao impacto da gota de chuva, que bate nele formando uma crosta por onde a água não consegue infiltrar. O líquido escoa, criando uma enxurrada, carregando a terra que vai parar nos rios. O dano ambiental é grave, porque este tipo de manejo provoca o assoreamento da camada mais fértil do solo”.
“O segundo problema observado por nossas pesquisas é que o preparo convencional causa perdas de matéria orgânica do solo não somente pela erosão, mas pela mineralização. Ela oferece condições aos microorganismos de transformarem essa matéria orgânica – principal fator do solo tropical – em gás carbônico, que vai parar na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa”, sustenta.
Ele lembra que o sistema convencional de preparo do solo era o mais aplicado pelos agricultores no Brasil nos anos de 1970 e 1980: “Naquela época, havia uma perda média de 20 toneladas por hectare de grãos, causada pela erosão do solo. O sistema convencional comprometia – e ainda compromete – a sustentabilidade da agricultura, além de contaminar os rios com fertilizantes e defensivos agrícolas. Fora isso, o prejuízo financeiro do produtor rural era muito alto”.
Ao longo de 30 anos, foi observado que o sistema de plantio direto reduziu as perdas em 95%. “Mas é bom entender que tais perdas são possíveis somente se houver um manejo adequado do solo”, alerta Debiasi na publicação “Sistemas de preparo do solo: trinta anos de pesquisas na Embrapa Soja”.
“Não sabemos ao certo o motivo de 25% dos agricultores ainda não optarem pelo sistema considerado mais adequado. Pode ser pelo fato de algumas regiões não terem muitas opções de palhada, por terem períodos de chuva mais curtos ou porque os produtores optam pelo sistema convencional na tentativa de controlar o surgimento de ervas daninhas e de algumas pragas”, destaca.