Da Redação 29/04/2003 – A chamada pneumonia asiática, ou Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa), embora ainda pareça distante da população de Mato Grosso do Sul, deve trazer conseqüências concretas bem mais rápido do que possa parecer. É que, por conta da doença, as exportações de soja para a China correm o risco de sofrer interrupção parcial e o preço do produto já sofre redução no mercado internacional, segundo explicação de alguns analistas.
Na semana passada, no preço a redução foi de quase 3% (em real), o que representa em torno de R$ 1 por saca. Em Mato Grosso do Sul, neste ano, a safra deve atingir 231 milhões de sacas. A queda também está atrelada à retração do dólar, segundo outros analistas. Mas, a queda no preço da saca também ocorreu se a moeda foi o dólar, 1,5%.
Até agora existe somente o temor, mas o pânico relativo à doença realmente pode afetar o mercado, admite João Pedro Cuthi Dias, consultor da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso do Sul. O temor da doença, que só na China havia matado 139 pessoas até ontem, pode barrar o crescimento econômico daquele país, afetar o turismo e provocar paradeira geral nos negócios, afetando os produtores de soja daqui, explica o consultor.
No ano passado, a China comprou 4,1 milhões de toneladas de soja brasileira, o que equivale a 25% do grão exportado pelo País. Para este ano, a perspectiva é dobrar as vendas, chegando a cerca de 40% dos 20 milhões de toneladas que devem ser exportados pelos produtores brasileiros. E isto equivale somente às exportações diretas. Boa parte da soja vendida para a Holanda, o segundo maior comprador, com 2,9 milhões de toneladas no ano passado, acaba tendo como destino final aquele país asiático.
Nesta safra, segundo Aldo Barrigosse, secretário-executivo do Centro das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Ciems), o Estado não mandou soja diretamente para a China. Mesmo assim, ressalta, o preço do produto está globalizado e se os chineses realmente tiverem estagnação em seu crescimento o mercado local será diretamente afetado.
Com a possível queda nos preços seriam prejudicados, além dos agricultores, todo o setor de máquinas agrícolas, comércio de insumos, setor de transportes, venda de combustíveis. A arrecadação de impostos que a cadeia da soja gera direta ou indiretamente também sofreria impacto, esvaziando os cofres do Estado e dos 77 municípios.