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Praga está dizimando lavouras de milho no Rio Grande do Sul

<p>Amostras foram recolhidas para determinar a origem do problema.</p>

Redação (07/04/06)- A Emater e a Embrapa investigam a presença de uma praga que está dizimando plantações de milho no norte do Rio Grande do Sul. Em 10 dias o resultado de exames em amostras coletadas nas lavouras por fitopatologistas da Embrapa deve ficar pronto. Os produtores suspeitam de problemas com a semente, já que todos os atingidos plantaram a mesma variedade.

O agricultor Clari Mingotti, de 60 anos, olha desolado para os pés de milho cultivados na propriedade de 21 hectares, na localidade de Lageado Paca, em Erechim. Os cinco hectares da planta cultivada em dezembro tiveram problemas de desenvolvimento, secaram, e as poucas espigas que se formaram apodreceram. Serão mais de 500 sacas de milho R$ 4 mil de prejuízo suportados pelo restante da plantação.

O que mais surpreendeu o produtor é que duas variedades diferentes, plantadas no mesmo dia, lado a lado, tiveram resultados opostos.

É uma fileira bonita e uma feia. Não dá para entender diz o agricultor.

Para não perder tudo, o produtor está usando a área para alimentar o gado. Como ele, dezenas de outros agricultores enfrentam o mesmo problema. Elio Izoton plantou dois hectares, usando duas sementes diferentes. As lavouras estão lado a lado, receberam a mesma adubação e os mesmos cuidados, mas só uma apresentou o problema.

A possibilidade de o problema estar no solo foi descartada pelo produtor Tomas Stiganski, que plantou 15 hectares numa área não utilizada para o milho há 10 anos. A lavoura é totalmente financiada, e a perda chega a 80%.

O agrônomo Flávio Bonfada, da Emater Regional, disse que as lavouras observadas mostram os mesmos sintomas. A raiz morre e o caule da planta seca, decompondo as fibras. As folhas começam a amarelar e em sete dias a planta está morta.

Conforme Bonfada, dos 210 hectares cultivados com milho na região, 30% foram cultivados entre outubro e dezembro de 2005, e apenas variedades plantadas tardiamente apresentam o problema.

A pesquisadora da área de melhoramento de milho na Embrapa Beatriz Marti Emygdio está analisando as amostras coletadas nas lavouras e adianta que será necessário um estudo aprofundado.

Os exames laboratoriais ficarão prontos em 10 dias, mas como a Embrapa não pode fornecer laudos, pois é concorrente de outras empresas que fornecem sementes, a pesquisadora está recomendando aos produtores que chamem agrônomos da Emater ou de consultoria para realizar levantamentos.

Uma reunião esta semana no Sindicato Unificado dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sutraf) serviu para que os agricultores levantassem perdas e discutissem as saídas para o caso.

O coordenador do Sutraf Ademir Lira pretende aguardar o resultado dos exames para orientar os produtores sobre como se ressarcir dos danos, já que não existe cobertura no caso de ocorrência de pragas.