Novas previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que confirmaram produção recorde de soja nos EUA e no mundo nesta safra 2009/10 – que está em fase de colheita no Hemisfério Norte e de plantio no Hemisfério Sul – derrubaram as cotações do grão ontem no mercado internacional.
Segundo o USDA, a produção americana alcançará 88,45 milhões de toneladas, 9,5% mais que em 2008/09. A global, por sua vez, será de 246,07 milhões, aumento de 16,8% na mesma comparação. Confirmadas as projeções, haverá alta nos estoques finais dos EUA e do mundo (ver tabela), uma notícia considerada “baixista” mesmo em ano de El Niño, que poderá comprometer qualquer previsão.
Na bolsa de Chicago, os contratos futuros para janeiro, quando a safra sul-americana estiver entrando no mercado, não resistiram e caíram 4 centavos de dólar, para US$ 9,68 por bushel.
Para o Brasil, o USDA manteve a estimativa de produção de 62 milhões de toneladas no ciclo 2009/10, ante 57 milhões em 2008/09 (número do USDA). Graças ao incremento da oferta mundial, para as exportações do País a previsão do USDA caiu para 23,65 milhões de toneladas na temporada, ante as 29,99 milhões da temporada anterior.
No caso do milho, o maior destaque do relatório do USDA foi a redução da previsão para os estoques finais mundiais, para 136,25 milhões de toneladas, ante as 146,84 milhões de 2008/09. A queda refletiu sobretudo uma revisão para cima na produção global. Houve mudanças para o quadro americano, mas não foram elas que determinaram a valorização das cotações ontem em Chicago.
Os traders preferiram guiar seus investimentos de olho no clima nos EUA, e o risco de que as baixas temperaturas em regiões produtoras do Meio Oeste afete a produtividade das lavouras motivou a alta das cotações. Os papéis para entrega em março subiram 8,75 centavos de dólar e encerraram a sessão negociados a US$ 4,09 por bushel.
Para o Brasil, a projeção do órgão para a produção em 2009/10 foi mantida em 52 milhões de toneladas, acima das 51 milhões do ciclo anterior. Mas é a nova previsão para as exportações a principal novidade. Conforme o USDA, os embarques brasileiros alcançarão 9 milhões de toneladas na nova temporada, acima das 7,5 milhões de 2008/09 e mais perto do recorde de quase 11 milhões de toneladas da safra 2006/07.
No mercado de trigo, os traders deram menos importância ao forte aumento da estimativa do USDA para os estoques finais dos EUA em 2009/10 e mais ao potencial de utilização do cereal como alternativa ao milho em rações, e com isso as cotações subiram nas bolsas do País. Em Chicago, março subiu 3 centavos de dólar, para US$ 5,43 por bushel, enquanto em Kansas o mesmo vencimento subiu 3,50 cents, para US$ 5,4150. Para o Brasil, o USDA elevou a estimativa de importações no novo ciclo, para 6,5 milhões de toneladas.
Colheita de soja recorde no Brasil
Segundo a Conab, a opção pelo plantio da soja na safra 2009/2010 vai levar o Brasil a colher entre 62,5 milhões e 63,6 milhões de toneladas da oleaginosa. Se confirmado o intervalo superior – 11,4% a mais que o período passado -, este será o melhor resultado da história. A safra total de grãos ficará entre 139 milhões e 141,6 milhões de toneladas, ou 3% a 5% a mais.