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Preço do milho já está abaixo do mínimo

<p>Depois de um período de euforia em decorrência da ''febre do etanol'', os preços do milho já estão abaixo do mínimo de R$ 14,00 definido pelo governo federal no Paraná, o maior produtor do grão no País.</p>

Redação (24/07/07) – Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Estado, na primeira semana de julho, o preço médio ao produtor no Estado ficou em R$ 14,70 por saca; na semana seguinte caiu para R$ 14,09 e na semana passada, para R$ 13,88. Ontem, a média das cotações pagas aos produtores nas principais regiões paranaenses foi de R$ 14,10. Nas áreas onde a colheita da safrinha está mais avançada, a pressão é maior. Em Toledo e em Cascavel, por exemplo, a média foi R$ 13,00 por saca. 

Diante da queda dos preços do milho, os produtores do Paraná vão solicitar ao governo federal que realize leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), como vem promovendo no Centro-Oeste, segundo Margoreth Demarchi, do Deral. Por meio desses leilões, o governo faz a equalização entre o preço de mercado e o preço mínimo. 

Ela afirma que existe um excedente de milho no Estado, que deve produzir 14 milhões de toneladas (entre primeira safra e safrinha) em 2006/07, enquanto o consumo de suas agroindústrias está estimado em 8 milhões de toneladas. Em todo o Brasil, a safrinha deve somar 14 milhões de toneladas e a safra principal, 36,5 milhões, de acordo com a Conab. 

Para a agrônoma do Deral, o principal fator de pressão no Paraná hoje é a colheita da safrinha, que já atinge 50% da área plantada. Paulo Molinari, da Safras& Mercado, acrescenta que a queda dos preços internacionais do milho e a desvalorização do dólar também derrubam os preços domésticos. 

Na Bolsa de Chicago, as cotações do milho (segunda posição) recuaram 18,32% desde o início do ano, segundo o Valor Data, com o plantio de uma área recorde – de 37,6 milhões de hectares – nos EUA por causa do aumento da demanda do cereal para produção de etanol. Já o dólar recuou 13,71% ante o real no mesmo intervalo. 

Com a queda no mercado internacional, os preços na exportação também estão mais baixos. Hoje os vendedores tentam negociar milho no porto de Paranaguá a US$ 160 por tonelada, segundo Molinari. No primeiro semestre, chegaram a vender por US$ 170 a US$ 180. "Se Chicago continuar caindo, será difícil fazer negócios novos a bons preços". E ele não descarta novas quedas se a safra 2007/08 dos EUA ficar entre 330 milhões e 340 milhões de toneladas. "Pode cair abaixo de US$ 3,00 por bushel na colheita [setembro e outubro]. Hoje, o contrato de dezembro está em US$ 3,255. 

O atual preço de exportação do milho brasileiro equivale a R$ 17,50 em Paranaguá e "liquida" a R$ 13,50 no oeste do Paraná, segundo cálculos do consultor. 

Seneri Paludo, da Agência Rural, afirma que os preços só não estão mais baixos no mercado interno por conta das exportações de milho e da intervenção do governo. No Mato Grosso, por exemplo, na região de Lucas de Rio Verde, onde os preços caíram abaixo do mínimo há cerca de dois meses, as cotações retornaram a R$ 11,00, o preço mínimo de referência no Estado, informa. 

Por conta da demanda internacional por milho, o Brasil deve exportar entre 7,5 milhões e 8 milhões de toneladas este ano, quase o dobro de 2006. Entre fevereiro e julho, foram 3,5 milhões de toneladas, estima Paulo Molinari.