Da Redação 21/05/2004 – 04h33 – Uma cooperativa de Ijuí, no noroeste do Rio Grande do Sul, leva para o porto de Rio Grande 40% da soja que compra dos agricultores. Hoje, mais de 100 mil toneladas estão armazenadas.
A suspeita da contaminação de grãos tratados com agrotóxicos num navio que transportava soja gaúcha fez o governo chinês devolver 60 mil toneladas do produto. Seis empresas que tiveram problemas com a exportação suspenderam o embarque para a China.
O resultado é que no porto de Rio Grande os quatro armazéns graneleiros estão lotados com 1,6 milhão de toneladas de soja. Por isso, as 57 cooperativas que trabalham com o grão no Estado decidiram suspender novas compras de produtores e cancelar as remessas para o porto. “Os cooperados tomaram a iniciativa de ficar de fora até que a situação volte à normalidade”, afirma Carlos Poletto, presidente da Cotrijuí.
Segundo a Federação das Cooperativas Agrícolas do Rio Grande do Sul, 40% da produção gaúcha de soja, cerca de 2,4 milhões de toneladas estão armazenadas nas empresas e cooperativas. O comércio da soja no Estado está parado.
O problema deixou Olvídeo Filippin preocupado. O agricultor vendeu apenas 5.000 das 13,7 mil sacas de soja colhidas nesta safra. Além de perder dinheiro, já que nos últimos dias o preço da saca caiu 10 reais, nesta semana vence a prestação de 80 mil reais do financiamento da lavoura e do maquinário. “Vou tentar conversar com o pessoal, para esperar o mercado, porque hoje não tem pra quem vender”, diz ele.
O governo promete assinar uma instrução normativa, ainda essa semana, estabelecendo os índices de tolerância de contaminação para a soja exportada.