Redação (07/08/07) – Os exportadores de milho do Brasil estão conseguindo um prêmio de até US$ 50 por tonelada em relação aos Estados Unidos. Com isso, há negócios para a safra que ainda não foi plantada. Fato inédito para o cereal. Em 2006, as vendas antecipadas começaram em outubro, quando houve uma alta no preço internacional do grão, mas com o cultivo já em andamento.
Estimativas da Safras & Mercado indicam que já foram negociada 500 mil toneladas de milho para entrega em março do ano que vem a preços médios de US$ 200 a tonelada – superiores à média da colheita 2006/07, que ficou entre US$ 165 a tonelada e US$ 180 a tonelada. "Não é normal negócios antes do plantio", afirma o analista Paulo Molinari. Os primeiros embarques devem sair do Paraná e da região das Missões, no Rio Grande do Sul, que plantam e colhem o cereal antes dos demais estados. De acordo com ele, se as vendas continuarem nesses valores – e ritmo – o País pode ampliar os embarques da safra 2006/07, estimados em 8 milhões de toneladas e até superar este volume para a temporada 2007/08.
Pelas projeções da consultoria já foram negociadas 8 milhões de toneladas da safra 2006/07 ante a 3,5 milhões da anterior nesta mesma época, ou seja, um volume quase 130% maior. De embarques efetivos na atual temporada – fevereiro a julho – a Safras & Mercado contabiliza 3,75 milhões de toneladas para 1,77 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado ou 112% a mais.
De acordo com Molinari, nas últimas três semanas o mercado de milho brasileiro foi impulsionado pelas crescentes compras da Europa, o que acarretou na valorização do grão. Tradicionalmente o prêmio pago ao cereal do Brasil – por não ser transgênico, segundo ele – é de US$ 5 a US$ 15 por tonelada. Hoje está até 10 vezes superior. O analista explica que esta diferença se deve ao fato de a Argentina estar com autoembargo de exportações de milho e a haver escassez de trigo – que na Europa é usado na ração animal. Por isso, aumenta a procura pelo cereal brasileiro que, teoricamente, leva vantagem em relação ao dos Estados Unidos por não ser geneticamente modificado.
Tradicionalmente os maiores compradores são o Irã e a Espanha. Mas, de acordo com o analista, nas últimas três semanas cresceram as vendas também para a Itália, França, Holanda e Leste Europeu. O aumento da demanda fez com que em julho o País registrasse recorde nos embarques de milho: 1.039 mil toneladas, superando o anterior, de 952 mil toneladas ocorrido em março de 2004. Segundo Molinari, como os números de julho ainda não refletem totalmente os pedidos da Europa, a tendência é de novos embarques recordes para os próximos meses. A maior demanda elevou o preço do cereal também no mercado interno em mais de 15% no período, cotado a R$ 21,50 a saca em Paranaguá (PR).