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Preço interno e demanda fraca derrubam exportação de milho

<p>Em sua estimativa de ontem para o quadro de oferta e demanda de milho no país, a Conab reduziu de 11,5 milhões para 10,5 milhões de toneladas a previsão para as exportações do grão.</p>

Redação (09/09/2008) – O desempenho das exportações brasileiras de milho até agosto – 3,6 milhões de toneladas, volume 35% menor que em igual período de 2007 – levou consultorias e o governo a revisarem para baixo as estimativas para os embarques do produto. Depois de as vendas externas terem alcançado o recorde de 10,9 milhões de toneladas ano passado, estimativas privadas e do governo projetavam embarques entre 10 milhões e 12 milhões de toneladas. Tudo mudou.

Em sua estimativa de ontem para o quadro de oferta e demanda de milho no país, a Conab reduziu de 11,5 milhões para 10,5 milhões de toneladas a previsão para as exportações do grão. E o número é otimista perto do que prevêem Céleres e Safras&Mercado. A primeira projetava, de início, 12 milhões, reduziu para 10 milhões e agora fala em 8 milhões de toneladas. A Safras prevê atualmente 8,1 milhões de toneladas – a projeção anterior era 10,1 milhões de toneladas.

No próprio Ministério da Agricultura, a visão é de que exportar 10,5 milhões de toneladas "é pouco provável", como disse Sílvio Farnese, coordenador-geral da Secretaria de Política Agrícola.

"O Brasil não está vendendo", afirma Paulo Molinari, da Safras. Ele observa que os preços acima da paridade de exportação no mercado interno desestimulam as vendas ao exterior. Enquanto no porto de Paranaguá, a saca de milho sai a R$ 21,50, no mercado disponível do oeste paranaense, sai por R$ 20,00 a $ 21,00. Descontado o frete até o porto, vale mais a pena comercializar no mercado interno.

O dólar – que vinha fraco ante o real – e a queda dos preços internacionais do milho – levaram à redução dos embarques. Além disso, a demanda externa arrefeceu. Em 2007, após quebra em sua safra de trigo, a Europa precisou comprar mais milho do Brasil. Continua importando, mas em ritmo mais lento. A Espanha, por exemplo, que de janeiro até agosto comprou 368 mil toneladas, tinha adquirido, no mesmo período de 2007, 1,4 milhão de toneladas, informa Leonardo Sologuren, da Céleres.

O produtor também resiste em vender. "O produtor está retendo, acreditando que vai acontecer algo e os preços vão explodir", diz Molinari. Ele alerta, porém, que os sinais para os preços são negativos. "A safra (de 312 milhões de toneladas) dos EUA ficou acima do esperado, a Europa teve safra cheia e a safrinha no Brasil é recorde ", enumera. Molinari reconhece que é difícil alcançar os 8 milhões previstos, considerando o ritmo atual de embarques – em agosto foram 293 mil toneladas, o menor volume deste ano.

A oferta elevada de milho já preocupa o governo. Com uma produção recorde de 58,5 milhões de toneladas de milho (entre safra de verão e safrinha) e consumo de 44 milhões de toneladas, o Brasil tem excedente de 14 milhões de toneladas exportáveis, sem contar estoque de passagem de 6,6 milhões, informa Farnese, da SPA. Exportou até agora 3,6 milhões de toneladas e deve importar 1 milhão de toneladas. Para tirar milho do mercado, o governo tem feito leilões de Pepro para o Nordeste e de opções para o Mato Grosso.

Sologuren crê que o país pode exportar 8 milhões de toneladas, mas terá de fazê-lo com preços menores. Molinari lembra que o produtor deixou de vender milho por US$ 300 a tonelada em julho; agora, o mercado está em US$ 210. Outro fator de pressão, observam os analistas, é que o produtor, em breve, precisará vender milho para plantar a próxima safra.

O atual quadro indica que o Brasil ainda tem dificuldade em se firmar como exportador de milho, já que depende de condições favoráveis de demanda e preços para vender ao exterior. "Para se tornar uma plataforma exportadora, o Brasil precisa de gente atuando para abrir mercados, para promover o milho", defende Sologuren.