Da Redação 26/07/2004 – 06h28 – A queda dos preços da soja nesta fase final de comercialização da safra 2003/04 poderá limitar o aumento da produção brasileira no ciclo 2004/05, conforme analistas.
Conforme adiantou o jornal Valor Econômico na edição de sexta-feira (23/07), as cotações estão em queda no mercado internacional em virtude principalmente do clima favorável ao desenvolvimento das lavouras dos EUA, que deverá começar a colher variedades precoces de sua safra 2004/05 até 15 de agosto, segundo Renato Sayeg, da Tetras Corretora.
Ainda não há sinais de que os EUA enfrentarão no novo ciclo problemas provocados por estiagens, como ocorreu nas duas últimas temporadas. Como lembrou Antonio Sartori, da Brasoja, o período crítico para o desenvolvimento das lavouras americanas vai até o fim de agosto, e, se nada de anormal acontecer, a produção do país será superior a 80 milhões de toneladas – um recorde -, ante cerca de 65 milhões em 2003/04.
Em decorrência dessa expectativa, e também das incertezas que cercam a demanda chinesa e da diminuição da presença de fundos de investimentos nas bolsas de commodities agrícolas, as cotações estão em baixa na bolsa de Chicago desde abril. Na sexta-feira, os contratos para agosto (papéis com maior liquidez naquele mercado atualmente) fecharam a US$ 6,6950 por bushel, em alta de 12 centavos de dólar. Mas, desde abril, a queda acumulada é de 28,78%.
A curva descendente em Chicago tirou sustentação do mercado interno, o que, no momento, ajuda a travar a comercialização do volume restante da safra 2003/04. Conforme Sayeg, este volume gira hoje em torno de 20% de uma produção estimada em cerca de 50 milhões de toneladas. Em janeiro, a Conab previa 58,5 milhões, mas problemas climáticos no Centro-Oeste e no Sul, além do impacto negativo causado pelo fungo da ferrugem asiática, reduziram a oferta.
Para 2004/05, as primeiras projeções apontam para uma produção brasileira de até 66 milhões de toneladas, mas os especialistas ressalvam que, com o atual nível de preços, a oferta poderá ser menor. “Os fertilizantes, por exemplo, aumentaram 30%, e outros insumos também ficaram mais caros. Ainda que a recente queda das cotações da soja não torne a atividade deficitária, ela pode ser um desestímulo a investimentos em tecnologia, e portanto a produtividade poderá ser menor”, observou Fernando Muraro, da Agência Rural, que ainda prevê 63,5 milhões de toneladas em 2004/05.