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Preços da soja estão próximos de inviabilizar a produção

<p>Desde o dia 11 de julho, quando o mercado ainda estava inflado por causa das fortes chuvas que atingiram o meio oeste americano e ameaçavam a produção, a queda acumulada é de 14,4%.</p>

Redação (25/07/2008)- Os preços da soja na Bolsa de Chicago (Cbot) recuaram mais uma vez no pregão de ontem e estão muito próximos do limite que tornaria inviável a produção brasileira. Para analistas, o limite para o produtor obter rentabilidade está estimado entre US$ 13 e US$ 14 o bushel. Ontem, os contratos com entrega em setembro fecharam cotados a US$ 13,73 o bushel. Desde o dia 11 de julho, quando o mercado ainda estava inflado por causa das fortes chuvas que atingiram o meio oeste americano e ameaçavam a produção, a queda acumulada é de 14,4%.

"O clima favorável nas regiões produtoras dos Estados Unidos tira um pouco de força dos preços. Mas ainda há espaço tanto para uma ótima safra e para uma quebra", explica David Gonçalves, analista da FCStone. No entanto, o analista revela que já circulam boatos de que as lavouras estariam com as raízes muito superficiais por causa do excesso de chuva. Isso tornaria a planta mais sensível a qualquer variação climática, tanto para seca como para chuva.

Gonçalves ressalta que mesmo com esse cenário, a tendência é de que os preços não recuem mais por causa dos reduzidos estoques americanos e da crescente demanda. "Se em agosto os rumores sobre a queda no potencial da safra voltarem a circular, o mercado pode subir do mesmo jeito que caiu". Além disso, explica que existe a possibilidade de que a safra seja prolongada por alguns dias em virtude do replantio após as fortes chuvas. "Isso pode estender a colheita em algumas regiões até o início do inverno. Com isso, o risco de geadas pode agravar a situação", finaliza.

A queda no mercado de Chicago também puxou os preços da commodity no mercado interno, que está cotada a R$ 47,30 a saca de 60 quilos, segundo o indicador diário (base Paraná) do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP). No mesmo período, o recuo é de 11,9%.Anderson Galvão, diretor da Céleres, calcula que com o bushel a US$ 14 e um câmbio na casa dos R$ 1,65, a rentabilidade do produtor seria boa. "Se a safra oscilar em área será mais por causa do endividamento dos produtores e da falta de crédito", analisa. Disse ainda que mesmo com a queda de hoje, não acredita que os preços recuem mais. "Mesmo com uma safra boa dos americanos, a oferta e demanda estão muito apertadas".

No entanto, Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), explica que se os preços continuarem caindo desta forma será um caos para o estado de Mato Grosso. "Ano passado tínhamos 50% da nossa produção negociada. Atualmente temos apenas 3%. Com a atual falta de crédito, se os preços caírem abaixo dos US$ 14 por bushel os produtores vão quebrar", reclama. Segundo informou, o custo de produção no estado está em R$ 1,6 mil por hectare.

No que diz respeito ao clima nas regiões produtoras dos EUA, a expectativa é de que fique dentro da normalidade. Segundo a Somar Meteorologia, a chuva que atinge os estados de Iowa, Illinois e Missouri (alguns dos principais produtores de grãos) acabou com as especulações de seca. "Na próxima semana uma nova área de instabilidade (chuva) deverá atingir a região. Mas a expectativa é de que julho e agosto fechem dentro das expectativas", analisa Paulo Etchutchury, da Somar Meteorologia. Ele acrescetou que o solo da região está com um bom índice de umidade e deverá persistir assim até a reta final da safra.

Já no caso do milho, a queda foi ainda maior no período de 11 de julho até agora. Ontem, os papéis com vencimento para setembro fecharam cotados a 573 centavos por bushel, recuo de 17% no período. Gonçalves explica que julho é o período de definição da lavoura americana. "Os agrônomos americanos já analisaram as lavouras e a perspectiva de uma boa safra são grandes", arremata.

Pedro Collussi, analista da AgraFnp, é mais cauteloso e acrescenta que as próximas duas semanas serão decisivas para o milho. "É o final da fase de polinização", explica.