Neste início de segundo semestre, período que antecede o plantio da safra principal, duas das grandes culturas do Cerrado brasileiro, soja e milho, se caracterizam por quedas de preços. Levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, apontam que o ânimo do produtor desta grande região, em linhas gerais, é moderado para a próxima safra e ainda haveria tempo para algum ajuste nas decisões de plantio.
No caso do milho, as negociações já estão abaixo do mínimo em muitas regiões de Mato Grosso e também em algumas de Mato Grosso do Sul. As cotações da soja, por sua vez, têm recuado mesmo em período de entressafra, pressionadas pelas fortes baixas em Chicago.
Mesmo com o consumo interno bastante aquecido, pesquisadores do Cepea destacam que uma possível recuperação dos valores dependeria de maiores volumes de exportação, visto que reduziriam o excedente doméstico. Porém, até junho, os embarques nacionais estiveram enfraquecidos, e a concorrência do cereal dos Estados Unidos tende a aumentar a partir do último trimestre de 2014.
A Conab estimou a primeira safra 2013/14 de milho em 32 milhões de toneladas e a segunda, em 46,2 milhões de toneladas, gerando, portanto, 78,2 milhões de toneladas, apenas 4,1% abaixo da oferta de 2012/13. Nesse cenário, representantes do setor produtivo já têm pressionado o governo para que tome medidas que visem a manutenção da renda do produtor, como o escoamento do milho para regiões deficitárias e/ou para exportação.
SOJA – Mesmo em entressafra e com exportações recordes, os valores da soja têm caído no Brasil, voltando aos patamares verificados no início de fevereiro deste ano – fase inicial da colheita. No geral, as quedas têm sido influenciadas por estimativas indicando colheita recorde nos Estados Unidos, que deve superar as 103 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos com vencimento entre o Setembro/14 e o Julho/15, período em que os norte-americanos disponibilizam sua produção ao mercado internacional, estão operando na casa dos US$ 11,00/bushel, patamar que não era observado desde a primeira quinzena de dezembro/11.
No Brasil, as quedas têm sido amenizadas pelos reajustes dos prêmios de exportação e pela valorização do dólar. Porém, como as negociações antecipadas da safra 2014/15 ainda estão em fase inicial, as perspectivas são preocupantes. Os negócios a termo FOB Paranaguá (PR) para embarques da soja em março e maio de 2015 estão sendo fechados na casa dos US$ 25,00/sc de 60 kg, valor que não observado desde agosto/10. No primeiro semestre de 2014, saíram de portos brasileiros 31,8 milhões de toneladas de soja em grão, o equivalente a quase 75% de todo o volume exportado em 2013, com aumento da participação dos portos de Santos (SP) e de São Francisco do Sul (SC).
Agora, a atenção passa a ser a finalização do planejamento da safra 2014/15. Segundo análises da Equipe de Custos de Produção Agrícola do Cepea, em Mato Grosso (principal estado produtor de soja), 95% das compras de fertilizantes e de sementes já foram finalizadas. No Paraná, em Cascavel, que geralmente é uma das primeiras regiões do estado a semear, 90% das compras de fertilizantes e de sementes também foram concluídas; em Londrina, 80% e, em Guarapuava, 75%. Mato Grosso e Paraná estão em período de vazio sanitário, com o cultivo devendo ser iniciado a partir de 15 de setembro, especialmente nas lavouras que contam com financiamento de custeio.