Redação (11/09/07) – O contrato de segunda posição do trigo negociado na bolsa de Kansas, que em 13 de julho saía a US$ 6,09 por bushel, atingiu seu nível mais baixo em 17 de julho, chegando a US$ 6,01,50. Desde então, os preços subiram 37,8%. Ontem, o contrato para dezembro subiu 21,50 cents, para US$ 8,29.
Na bolsa de Chicago, o contrato para dezembro registrou alta de 17,50 centavos de dólar ontem, para US$ 8,61 por bushel. "O trigo exerceu uma influência muito maior que a crise imobiliária nos preços dos grãos e é o que tem ajudado a sustentar o mercado", afirmou Flávia Moura, analista da Fimat Futures. Ela observou que o contrato para dezembro negociado em Chicago subiu 90% desde abril. A valorização deve-se sobretudo aos problemas climáticos que afetaram as safras dos EUA, Canadá, Europa – e mais recentemente, Argentina e Austrália e Rússia.
O Rabobank Australia estima que a produção de trigo da Austrália (maior exportador global do cereal) pode ficar abaixo de 15 milhões de toneladas, se o clima continuar seco. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em seu relatório de agosto, estimava a produção australiana em 23 milhões de toneladas. Analistas do setor estimam que o USDA reduzirá as projeções globais no relatório de setembro, que será divulgado amanhã. No relatório de agosto, o USDA estimou a produção global em 610,4 milhões de toneladas e a demanda de 602,51 milhões.
Segundo Élcio Bento, analista da Safras&Mercado, além do clima seco na Austrália e na Argentina, ajuda a estimular altas notícias de que os governos da Rússia e do Cazaquistão reduzirão as exportações de trigo para conter a inflação em seus mercados domésticos.
Conforme os analistas, a alta do trigo ajudou a soja a voltar aos patamares alcançados antes da crise imobiliária. Ontem, o contrato para novembro subiu 12,75 centavos de dólar, para US$ 9,18 por bushel – o maior valor alcançado desde o início da crise. No dia 13 de julho, o contrato de segunda posição fechou a US$ 9,2175. Em 16 de agosto, um dos dias mais críticos da crise nos EUA, o contrato atingiu sua pior cotação, de US$ 8,1450, valor 11,6% menor que em 13 de julho.
"Os preços da soja caíram quase 100 pontos em Chicago e agora voltaram ao patamar pré-turbulência. Os fundos que investem em commodities agrícolas voltaram. O mercado praticamente voltou ao normal", afirmou Renato Sayeg, da Tetras Corretora. Conforme Sayeg, também contribuiu para a valorização da soja a recuperação nos preços do petróleo – que por sua vez também ajudou a dar suporte às cotações do óleo de soja, do etanol e do milho em Chicago.
No caso do milho, o contrato de segunda posição, que era negociado a US$ 3,5475 por bushel em 13 de julho, atingiu o seu valor mais baixo no dia 26 do mesmo mês (US$ 3,33, queda de 6,1% desde o início da crise). Em 16 de agosto, registrou outro tombo, para US$ 3,39. Ontem, o contrato para dezembro recuou 1,50 centavo de dólar, para US$ 3,46. A queda, segundo os analistas, foi associada à expectativa de que o USDA elevará a projeção de safra americana, em função da boa produtividade.