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Processamento de soja em ritmo lento

<p>À semelhança do que ocorreu no ano passado, as indústrias retomam o processamento de soja em 2007 em ritmo lento.</p>

Redação (17/01/07) – Isso porque, ainda que agora não haja retenção de grãos por produtores, como em 2006, as chuvas que atingiram o Mato Grosso do início do mês atrasaram a colheita do grão precoce.

Segundo analistas, o atraso tem influência sobre a programação das esmagadoras que atuam no país, uma vez que o aumento das vendas antecipadas desta safra 2006/07, em grande parte por conta dos melhores preços, sinalizava um início de esmagamento mais dinâmico.

Influenciada pela alta dos preços internacionais do milho e pelas perspectivas de redução do plantio nos EUA em 2007/08, a soja é negociada acima de US$ 7 por bushel na bolsa de Chicago, ante US$ 5,76 em igual período de 2006 – ontem, o contrato para março recuou 8,25 centavos de dólar e fechou cotado a US$ 7,2325 por bushel. Em Lucas do Rio Verde (MT), onde a colheita está mais acelerada, a saca é vendida a R$ 25, contra R$ 21 em janeiro de 2006.

Nesse cenário, conforme Seneri Paludo, da Agência Rural, 40% da safra brasileira já foi negociada, ante 14% em janeiro de 2006. No Mato Grosso – maior Estado produtor de soja do país e o primeiro a iniciar a colheita -, 61% da safra já está comprometida, contra 24% em 2006. “Os produtores que colheram estão cumprindo contratos de exportação e entrega a indústrias, por isso a oferta no mercado físico está restrita”, diz ele.

Conforme o analista, a colheita no Mato Grosso alcança quase 5% dos 5,3 milhões de hectares plantados. “A expectativa é que haja uma aceleração nos próximos dias e que a colheita seja concentrada em um período mais curto em relação a anos anteriores, já que muitos apostam na safrinha”, afirma.

Waldemir Ival Loto, diretor superintendente da Amaggi Exportação e Importação – do Grupo André Maggi – , confirma a oferta restrita do grão. “Tem chovido muito no Mato Grosso e isso atrasou um pouco a entrada da safra nova”, afirma Loto. A empresa mantém paralisada desde o início do mês a unidade de Cuiabá. A expectativa é retomar o processamento no fim da semana.

A unidade de Itacoatiara opera normalmente, segundo Loto. Juntas, as plantas são capazes de processar 3,5 mil toneladas por dia de soja. A Amaggi processou cerca de 1,03 milhão de toneladas em 2006 e tem como previsão pelo menos repetir o mesmo desempenho em 2007.

A Caramuru informou que iniciaria o esmagamento no dia 10, mas por conta das chuvas não recebeu a safra nova. A expectativa é retomar o esmagamento na sexta. A empresa planeja esmagar 1,54 milhão de toneladas de soja neste ano, 10% mais que em 2006.

Uma fonte da americana ADM confirmou que a empresa também começou a receber soja da safra nova, mas em pequenos volumes. Conforme a fonte, hoje a maior parte do volume processado pela empresa é de estoques da safra passada.

“As fábricas processam com uma deficiência grande”, diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora. Para ele, a alta nos preços da soja desde setembro estimulou as vendas de grãos da safra passada, o que comprometeu os estoques. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), as exportações de soja em grão de fevereiro de 2006 a janeiro deste ano devem crescer 10% em relação aos 12 meses anteriores, para 24,7 milhões de toneladas.