Redação (07/03/07) – A Conab confirma o avanço acelerado da cana-de-açúcar em áreas de algodão, soja e milho no Estado de São Paulo e aponta o domínio da soja e do milho sobre o total da produção nacional (82,6%).
O sexto levantamento da safra 2006/2007, iniciada em julho do ano passado, mostra, ainda, um forte aumento de 9,6% na produtividade das lavouras de grãos, fibras e cereais do país. Mesmo com o recuo de 3,5% na área plantada, a nova safra recorde deve ser 5,7% superior aos 120,77 milhões de toneladas colhidos em 2005/2006 – ou seja, um acréscimo de 6,88 milhões de toneladas. A última grande colheita havia ocorrido na temporada 2002/2003, com 123,2 milhões de toneladas.
O bom resultado está intimamente ligado às excelentes condições climáticas do período. Embora as chuvas tenham castigado lavouras de soja na região norte de Mato Grosso, a maior parte do país foi beneficiada pelo clima favorável.
A estimativa divulgada ontem demonstra a recuperação na produção de todas as lavouras nesta safra, à exceção do arroz (-2,3%) e trigo (-54,2%). O recorde de produção em 2007 será puxado pelo crescimento das lavouras de milho (12,5%), algodão (29%), soja (6,2%), feijão (27,5%) e da segunda safra de milho (21%).
A primeira safra de milho deve adicionar 4 milhões de toneladas ao resultado final. O algodão deve agregar 490 mil toneladas, e a soja, outras 3,3 milhões de toneladas. O resultado poderá ser ainda melhor, segundo o presidente da Conab, Jacinto Ferreira.
"Podemos agregar ainda mais se o clima continuar tão bom quanto tem se apresentado até agora", disse Ferreira. A empresa estima uma safrinha de milho de 12,96 milhões de toneladas, mas agentes de mercado já trabalham com 14 milhões. "A safra de trigo também deve se recuperar da forte queda de 54% da safra passada e pode voltar a ficar acima dos 4 milhões de toneladas", prevê Ferreira.
Na contramão do crescimento da produção, a área total cultivada no país deve recuar 3,5%, uma redução muito inferior ao que previam lideranças ruralistas no início do atual ciclo. O total deve passar de 47,32 milhões para 45,65 milhões de hectares – ou 1,68 milhão de hectares a menos.
As maiores retrações ocorreram nas áreas de trigo (25,6%), soja (7,4%) e milho da safra de verão (1,8%). As razões continuam a ser as baixas cotações internacionais e os problemas climáticos na época do plantio da safra. O "efeito etanol", que embute a elevação do plantio de cana-de-açúcar, também contribuiu. Em São Paulo, onde é mais fácil verificar a tendência, a cana ajudou no retração da produção de algodão (-27,8%), arroz (-15,6%), milho de verão (-9,1%) e soja (-14%).
Para compensar com folga a queda de área plantada, a produtividade média nacional deve crescer 9,6% nesta safra, sobretudo nos Estados do Sul (11%), Centro-Oeste (10,9%), além de Tocantins (18,4%), Bahia (15,4%) e Piauí (28,6%). O presidente da Conab afirmou que contribuíram para o crescimento da produção, principalmente da soja e do milho, os apoios do governo via instrumentos de comercialização. Segundo ele, foram apoiadas 22 milhões de toneladas no ano passado. (MZ)