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Produção de grãos poderá ser ainda menor

Os indícios de uma quebra nesta safra são corroborados pela elevação no volume de comunicados de perdas nas lavouras do Centro-Sul do país.

Redação (06/02/2009)- Os efeitos da forte seca na região Sul e parte de Mato Grosso do Sul provocaram uma quebra de 6,5% na safra nacional de grãos, fibras e cereais. Mas a quebra de 9,4 milhões de toneladas detectada até meados de janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve ser ampliada. A estatal prevê uma colheita de 134,68 milhões de toneladas, longe do recorde histórico de 144,11 milhões ocorrido na safra anterior. 

Os indícios de uma quebra ainda maior nesta safra são corroborados pela elevação no volume de comunicados de perdas nas lavouras do Centro-Sul do país. Os prejuízos potenciais relatados por 48 mil produtores somam pelo menos R$ 500 milhões, segundo dados do Banco Central e do Banco do Brasil. Até ontem, o sistema de seguro oficial do governo (Proagro) registrou 44 mil pedidos de indenização. As perdas potenciais no seguro privado operado pelo Banco do Brasil chegaram a 3.844 comunicados formais. 

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, estima uma quebra de 8%, mas o ritmo dos pedidos de indenização sugerem um índice acima de 10%. No sistema do Proagro, as perdas potenciais estão em 9% da carteira total de 485 mil apólices. No Banco do Brasil, o índice sobe a 11% num universo de 35.852 contratos. "Pode haver uma variação aí. Mas acho que vai ficar nesse intervalo entre 6% e 8% porque ainda temos consequências climáticas que não foram totalmente medidas", disse Stephanes. 

Estado mais castigado pela estiagem, o Paraná contabiliza 21.572 comunicados de perda no Proagro e 3.309 pedidos de indenização no Banco do Brasil. O milho, principal alimento usado na cadeia das carnes, foi a cultura mais prejudicada pela seca. A quebra superou 7 milhões de toneladas, dos quais 3,7 milhões apenas no Paraná. Mas o tombo do milho atingiu todo o país. No Centro-Sul, a produção quebrou 14,6% – no Paraná, chegou a 38%. Na região Norte-Nordeste, a queda foi de 10%. Termômetro para a rentabilidade das lavouras em geral, a produtividade média no milho recuou 15% no país, 24% na região Sul e 33% no Paraná. Diante do tamanho da quebra, os impactos nos preços aos consumidores de milho e de carnes já estão no radar do governo. 

"O milho é a nossa maior atenção, com recuperação importante agora da safrinha", disse o diretor de Logística da Conab, Silvio Porto. "Já que tivemos na primeira safra uma redução de sete milhões de toneladas, é importante termos uma boa segunda safra para assegurar um quadro de suprimento ao longo desse ano". Os estoques finais de milho devem ficar em 6,8 milhões de toneladas, suficiente para abastecer o mercado interno e ainda garantir exportação de 9 milhões de toneladas, segundo ele. Na safra passada, o estoque era de 11,9 milhões. 

A safra de soja também deve sofrer uma significativa redução de 2,8 milhões de toneladas (-4,7%), segundo a Conab. A colheita foi re-estimada para 57,21 milhões de toneladas. Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia e Maranhão puxaram a quebra. A produtividade nacional recuou 5,4%. No algodão, a estimativa da Conab informa uma redução 22,2%, para 1,25 milhão de toneladas de pluma. Foram 356 mil toneladas abaixo das 1,6 milhão de toneladas colhidas na safra passada. 

Na outra mão, a boa colheita estimada para arroz e feijão estaria garantida. Para o arroz, a projeção indica a produção de 12,35 milhões de toneladas (+2,5%). Na soma das três safras de feijão, os produtores devem colher 3,59 milhões de toneladas (+1,9%). "Entendemos que os preços estão em equilíbrio e não devemos fazer intervenção para reduzir preço ao produtor nessa situação", afirmou Silvio Porto.