Com a recuperação da estabilidade climática, as principais lavouras de verão no Paraná – como soja, milho e feijão – da safra 2009/10 estão apresentando excelentes índices de produtividade, superando as médias históricas do Estado. Com os bons resultados que estão sendo obtidos na safra de grãos de verão e com a estimativa já concluída para a safra de grãos de inverno, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) está prevendo para este ano uma colheita de 30,4 milhões de toneladas entre grãos de verão e de inverno, que corresponde a um crescimento de 24% em relação à safra obtida no ano passado.
Segundo pesquisa de campo de Departamento de Economia Rural (Deral) só na safra de grãos de verão, o Paraná deverá colher 20,3 milhões de toneladas, crescimento de 22% em relação à safra anterior. O resultado está sendo atribuído às boas condições de clima ocorridas desde o plantio até a colheita, apesar das lavouras de feijão da primeira safra que foram parcialmente prejudicadas pelo excesso de chuvas em janeiro; e, ainda, ao uso de tecnologia adotado pelo produto paranaense desde a década de 70.
Em função dos ganhos de produtividade, novamente o Paraná está obtendo uma safra recorde de soja: 13,6 milhões de toneladas. A lavoura de milho da primeira safra aponta para um volume total de 6,47 milhões de toneladas e o feijão da primeira safra deverá totalizar 488,6 mil toneladas.
A pesquisa de campo também apresenta pela primeira vez a estimativa de safra para o trigo 2010, além das estimativas para a segunda safra de feijão e de milho. Para o milho da segunda safra, a previsão é de redução na área plantada em decorrência do desestímulo dos produtores com os preços obtidos pelo grão nessa fase de comercialização.
O Deral prevê um plantio de milho em 1,39 milhão de hectares, área 9% inferior ao mesmo período do ano passado. Porém, a expectativa em relação á produção é maior, se continuarem as condições normais de clima também no período da safrinha. A previsão é colher 6 milhões de toneladas do grão, 35% a mais em relação ao ano passado.
A mesma expectativa de redução de área plantada também deverá ocorrer com o feijão da segunda safra. A previsão é de queda de 29% na área plantada que deve ficar em 188,7 mil hectares. A produção também cai para 321,6 mil toneladas, resultado 11% inferior ao ano passado.
A primeira estimativa de campo para o trigo aponta uma redução inicial de 11% na área plantada em relação ao ano passado, devendo cair de 1,3 milhão de hectares em 2009 para 1,16 milhão de hectares este ano. Se não houver problemas de clima, a produção poderá atingir 3,1 milhões de toneladas, crescimento de 25% sobre a safra passada.
Produtividade e comercialização – Os bons resultados na produtividade estão sendo atribuídos à recuperação da normalidade do clima e também aos ganhos de tecnologia proporcionados pela pesquisa pública e privada e ainda pela assistência técnica em favor do produtor rural, explica o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), Francisco Carlos Simioni.
Mesmo com chuvas, a produtividade do feijão aponta crescimento de 31% em relação ao mesmo período do ano passado. O milho está com produtividade 34% maior e a soja com 33% acima em relação ao ano passado.
As lavouras de soja estão apresentando uma média de 3,1 mil quilos por hectare, mas há lavouras no Estado que superaram 4.000 quilos por hectare, aponta o chefe da Divisão da Conjuntura Agropecuária do Deral, engenheiro agrônomo Otmar Hubner. A média de rendimento das lavouras de milho também está surpreendendo, com um volume de 7,2 mil quilos por hectare até agora. Mas há lavouras que estão superando os 9.000 quilos por hectare.
Para o diretor do Deral, Francisco Simioni, os bons resultados da produção e da produtividade na safra agrícola 2009/10 estão amenizando as pressões de preços que os produtos estão sofrendo em função do maior volume de oferta não só do Paraná, mas também do Brasil e do mundo.
O diretor ressalta que se o câmbio não está favorável à exportação, como alegam os produtores, por outro lado ele é também responsável pela queda nos preços dos principais insumos utilizados no plantio, principalmente nos preços dos fertilizantes.
Segundo Simioni, a conjugação de fatores como aumento da produtividade das lavouras, redução nos custos de produção e manutenção do câmbio no mesmo patamar do ano passado está reduzindo o impacto causado pelas quedas de preços dos principais produtos agrícolas nesse período de comercialização.