Enquanto o milho verão deve continuar a perder espaço para a soja – menos custosa para produzir e mais rentável – a área a ser plantada com o cereal de segunda safra no ciclo 2015/2016 deve ter um crescimento agressivo. É o que espera a Agroconsult, que divulgou, nesta quarta-feira (21/10) suas espectativas para a temporada iniciada em julho deste ano.
Na primeira safra, a área plantada deve cair 7,7% em relação à safra 2014/2015, de 6,2 milhões para 5,8 milhões de hectares. O analista da Agroconsult Marcos Rubin lembra que, pelo menos nas últimas quatro safras, a relação de preço entre milho e soja tem sido mais favorável para a oelaginosa, influenciando a decisão do agricultor. Em estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Goiás, por exemplo, a situação tem provoado reduções de área entre 10% e 11%.
“O milho verão tem consistentemente perdido área para a soja e o principal fator é a rentabilidade. Há a disponibilidade de crédito mais limitada, o milho verão tem custo de produção mais elevado que a soja e isso pode implicar na decisão do produtor”, diz Rubin.
Até o final da semana passada, a Agroconsult contabilizava o plantio de 55% da área prevista para o milho verão no Brasil. Em boa parte dos estados do Sul e no estado de São Paulo, o trabalho de campo bem avançado, acima de 91% de superície plantada. O menor ritmo (menos de 10%) é registrado em Minas Gerais e estados das regiões Norte e Nordeste.
Para a safrinha, o analista afirma que uma avaliação mais consistente ainda depende do curso da safra de soja. Pelo menos por enquanto, não há sinais de um possível efeito negativo das dificuldades do plantio da oleaginosa em algumas regiões produtoras. Diante disso, a expectativa é de um crescimento de 13,3% na área, de 9,7 milhões para 11 milhões de hectares.
“É um número de intenção bastante forte e historicamente a intenção de plantio tem sido cumprida. São raros os casos ou regiões em que o produtor tem uma intenção de plantio e que, por problemas relacionados ao calendário, não conseguiu implantar”, explica.
Acompanhando os oscilações de área, a produção de milho de primeira safra deve cair de 30,7 para 28,5 milhões de toneladas. A produtividade é estimada em 82,5 sacas por hectare, com base no histórico de tendência dos últimos anos. A produção na segunda safra deve passar de 54,7 milhões para 60 milhões de toneladas. O rendimento é projetado em 91 sacas por hectare.
Mercado
Assim como na soja, a Agroconsult tem uma visão otimista para o mercado de milho. Os fatores são praticamente os mesmos: câmbio favorável, prêmios positivos para a exportação e preços melhores que os do ano passado. Ele cita como exemplo a região cortada pela rodovia BR-163 em Mato Grosso. Na safra 2014/2015, estavam em torno de R$ 11 ou R$ 12 a saca de 60 quilos. Neste ano, estão entre R$ 17 e R$ a saca.
“Existe um incentivo para o produtor plantar a safrinha de milho. O preço internacional não é fantástico, mas o câmbio é bom. Há um espaço grande para exportações e os preços que vem sendo praticados já refletem o mercado no ano que vem”, afirma Rubin. Com base no que chama de “feeling de mercado” estima que 30% a 40% da segunda safra de milho já estejam comercializados de forma antecipada, um ritmo maior que em anos anteriores.
Rubin acredita ainda que o Brasil terpa uma postura “agressiva” no mercado global, o que tende a resultar em aumento das exportações do cereal. O analista da Agroconsult estima que as vendas externas devem ficar entre 32 e 34 milhões de toneladas, considerando o calendário-safra 2015/2016.