Redação (18/03/2009) – O bom volume de exportações do grão neste início de ano, os fertilizantes mais baratos e a perspectiva de alta de preço criam um cenário favorável para o plantio de milho na safrinha. Embora a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) seja de uma redução de 2,3% na área cultivada no País, sobretudo no Centro-Oeste, o produtor do Estado de São Paulo aposta no milho da segunda safra. No sudoeste paulista, onde o plantio começa mais cedo, a área cultivada cresceu 20% em comparação com a safrinha anterior, de acordo com informações das Casas da Agricultura.
No Vale do Paranapanema, oeste paulista, o plantio já começou e a área cultivada deve chegar aos 100 mil hectares, no mínimo igual à do ano passado. A semeadura da safrinha ocorre logo após a colheita da safra de verão.
O levantamento oficial do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado, ainda não ficou pronto. De acordo com o pesquisador Alfredo Tsunechiro, a área de cultivo pode permanecer igual ou ter pequena variação positiva no Estado. Em 2008, foram cultivados 245 mil hectares e, na safrinha anterior, 237 mil.
O pesquisador alerta para o risco de queda na produtividade. Segundo ele, os agricultores estão economizando no adubo, embora mantenham as sementes de alto potencial. Na última safrinha, a produção foi de 17,1 milhões de sacas – em 2007 tinham sido 13,4 milhões de sacas de 60 quilos.
Área de Expansão
Na região de Itapeva, nova área de expansão do milho safrinha, o plantio foi praticamente encerrado e as lavouras ocupam 25 mil hectares, 5 mil a mais que em 2008. "É um cultivo que vem crescendo ano a ano, pois a região já é tradicional na produção do milho de verão, plantado em 100 mil hectares", disse o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, da Secretaria da Agricultura.
O milho da segunda safra acaba sendo a opção para o agricultor que normalmente tem o trigo como cultura de inverno. A área desse cereal será menor – os produtores devem plantar 35 mil hectares, ante 40 mil plantados em 2008. De acordo com Silva, os agricultores estão trocando o trigo pelo milho safrinha por ser cultura de menor risco. "O milho também fornece a palhada para o cultivo de verão e tem a vantagem do preço mais estável."
O produtor Frederico D” Avilla, da fazenda Jequitibá do Alto, em Buri, é um dos que deram preferência ao milho safrinha. "Estou reduzindo o trigo de 500 para 350 hectares", disse. Ele acredita que o preço do milho pode subir, já que a perspectiva é de desabastecimento no futuro. "Mas é uma cultura cara e a safrinha envolve mais risco de fatores climáticos." O agricultor José Severino Maschieto, de Itapetininga, plantou 60,5 hectares de milho safrinha no bairro Capão Alto, em áreas que estavam com feijão. Ele fez o plantio em janeiro e espera colher no início de junho. "Nessa região, quanto mais cedo plantar é melhor para escapar do frio e da estiagem", conta.
A Fazenda São Luiz Rey, no município de Guareí, passou a cultivar a safrinha para complementar a silagem de milho usada para tratar o gado de leite. De acordo com o agrônomo Hugo Pacheco, o plantio ocorre somente este mês porque ocupa a mesma área do milho de verão. "Como precisamos muito do milho, fazemos a rotação de cultura somente após o terceiro ano", explicou.
– 245 mil hectares foi a área de milho safrinha em 2008, ou 8 mil hectares a mais que em 2007
– 17 milhões de sacas (60 quilos) foi a produção de milho safrinha em 2008, em SP, ante 13,4 milhões em 2007
– 20% é o aumento da área plantada na região sudoeste de São Paulo, em comparação à safra 2008