Da Redação 14/02/2003 – Para o setor, outra medida reivindicada seria a efetivação dos contratos de opção. Um mês depois de o governo anunciar medidas de apoio à comercialização do milho, os produtores continuam esperando a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN) para que os recursos cheguem a seus bolsos. O aumento do limite e a liberação de crédito estão sendo consideradas medidas inócuas. A decisão sobre o aumento de área já havia sido tomada antes da liberação da verba e, além disso, em muitas regiões, o prazo para o cultivo encerra-se nos próximos dias.
Na avaliação de analistas de mercado, o preço alto do grão é que tem estimulado o plantio, independentemente de o governo dar mais ou menos crédito. No entanto, o setor esperava que, já que os recursos estão chegando tardiamente, fossem anunciadas medidas de sustentação dos preços.
Valores reajustados
A expectativa é de que hoje o ministro interino da Agricultura, José Amauri Dimarzio, anuncie os novos limites de crédito para o custeio de milho e sorgo. A previsão é de que os valores do milho sejam reajustados a R$ 400 mil e R$ 500 mil, respectivamente para o sequeiro e o irrigado, e os de sorgo, dobrados dos atuais R$ 150 mil para o sequeiro e R$ 300 mil para o irrigado.
No pacote, o ministro vai ainda criar a Linha Especial de Crédito à Comercialização (LEC), instrumento inédito que permite o financiamento da estocagem a preços de mercado. Antes, a base era o preço mínimo. Os valores de referência devem ficar próximos a R$ 12,60 a saca de sorgo e R$ 18 a de milho.
“O importante é que o incentivo ao plantio venha atrelado à proteção de preço. Hoje, talvez o contrato de opção motivasse mais do que o crédito”, afirma Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Mesma opinião tem Carlos Augusto Albuquerque, assessor da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Segundo ele, não é justo que o produtor arque sozinho com o custo e o risco da produção do milho, por isso o setor queria que fosse feito o zoneamento agrícola do cereal.
Uma medida que o secretário de política agrícola do ministério, Ivan Wedekin, não acredita que possa sair ainda para nesta safra. Mas ele garante que faz parte do pacote do governo o lançamento de contratos de opção – totalizando 2 milhões de toneladas – a partir de março, com vencimento entre junho e setembro, a preços de exercício com os da paridade de exportação.
“Se as medidas fossem anunciadas em novembro de 2002 ou em janeiro a área poderia ter crescido mais”, afirma Molinari. Pelas estimativas da consultoria, a área cultivada na segunda safra do grão será de 2,9 milhões de hectares, alta de 16%, o que pode representar safra recorde de 10,1 milhões de toneladas. Para Molinari, se o clima ajudar, a produção será ainda maior.
Atraso na soja
O analista da SoloBrazil, Adriano Vendeth de Carvalho, acredita que o atraso no plantio da soja, sobretudo em Goiás e Mato Grosso, afetará o plantio da safrinha de milho em muitas regiões, o que pode provocar reversão dessas áreas para o sorgo. Neste momento, a colheita em média no Paraná, Mato Grosso e em Goiás atingiu 15% da área plantada, segundo a SoloBrazil.
Além disso, muitas áreas de soja precoce em Goiás e Mato Grosso tiveram que ser replantadas no final de 2002, em razão da falta de chuvas, estando com colheita programada para março. A estimativa da SoloBrazil é que a área cultivada de sorgo crescerá 10%, com uma produção de 1 milhão de toneladas.
Molinari acredita que a boa safrinha será suficiente para garantir o abastecimento se não houver exagero nas exportações ou aumento acentuado no consumo interno. Até agora, a consultoria contabiliza a venda externa de 700 mil toneladas. Mas, se houver queda de preço na colheita da safrinha, as exportações podem crescer. Ontem (13), no Paraná o grão estava cotado entre R$ 20 e R$ 21 a saca, com paridade de exportação de R$ 23 a saca, no porto.