Redação (21/07/06) – Tradicionalmente feitos pelas tradings, que além de exportadores e processadores de grãos detêm as principais marcas de fertilizantes, estes negócios contam agora com a participação das empresas de sementes e defensivos agrícolas. Junto com as indústrias de fertilizantes, elas estão formando um “pacote tecnológico” para os produtores.
A Bunge, por exemplo, dona de algumas das principais marcas de fertilizantes do Brasil, está oferecendo defensivos da DuPont e sementes da Pioneer em troca da promessa da entrega futura de soja, garantida por uma Cédula de Produto Rural (CPR). Em outros casos, as próprias revendas estão montando pacotes de sementes, defensivos e fertilizantes e obtendo financiamento junto a outras tradings, como Cargill e ADM.
Na prática, Bunge, Cargill e ADM pagam à vista as empresas de sementes, fertilizantes e defensivos, entregam os insumos aos produtores, que honram o débito com soja, entregue ao final da colheita.
A preocupação dos produtores é que essa modalidade de negócio está comprometendo boa parte da receita de quem planta. Nas contas da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), os negócios com as tradings pelo pacote variam entre 28 e 32 sacas por hectare, para uma produtividade que foi de 42 sacas na safra 2005/06. “Os produtores precisam tomar cuidado. As pessoas estão contando com uma produtividade de 50 sacas/ha, mas depois que a ferrugem se instalou na região, esse número recuou para 46 sacas”, diz Ricardo Tomczyk, diretor administrativo da Aprosoja.
Com isso, o novo formato de crédito pode sair caro ao produtor. Com o custo variando entre 28 e 32 sacas/ha e a produtividade na casa das 45 sacas, cerca de 70% da produção está sendo comprometida apenas para aquisição das sementes, fertilizantes e defensivos.
Mas, mesmo representando um custo elevado, os produtores estão receptivos às propostas das tradings. Prova disso é que a perspectiva na redução da área plantada no Mato Grosso, que era de 30%, já foi revisada e deve ser de, no máximo, 10%.