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Produtores de soja terão prejuízo na safra 06/07 no MT

<p>Para que os resultados não fiquem no vermelho os produtores terão que garantir uma produtividade de pelo menos 50 sacas/ha.</p>

Redação (04/08/06)- Os sojicultores mato-grossenses deverão ter prejuízos na safra 06/07. Se a área plantada na temporada 06/07 permanecer a mesma do último ano agrícola, os prejuízos no Estado serão de R$ 924,965 milhões. O cálculo leva em consideração uma área de 5,891 milhões hectares (ha).

Para que os resultados não fiquem no vermelho os produtores terão que garantir uma produtividade de pelo menos 50 sacas/ha, o que é difícil na opinião do presidente do Instituto de Desenvolvimento da Gestão Empresarial no Agronegócio e coordenador do projeto Bem-te-vi da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), João Carlos Vianna de Oliveira, que participou ontem, em Rondonópolis, do Circuito de Planejamento da Safra da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja).

Segundo ele, no último ano agrícola Mato Grosso obteve uma produtividade média de 42 sacas/ha na sojicultura.

Isto significa que para conseguir empatar os custos de produção com o preço de mercado da commodity, a produtividade terá que aumentar cerca de 20% neste ciclo. Porém, aspectos como atraso na aquisição dos insumos e consecutivas quedas na produtividade (na safra 04/05 o rendimento médio foi de R$ 47,5 sacas/ha), em função da ferrugem asiática, indicam que vai ser difícil para os produtores colocarem as contas novamente no azul.

Oliveira destaca que os custos de produção da soja nesta safra estão estimados em US$ 450/ha. Em reais, isto significa um gasto de R$ 981 por hectare, com o dólar valendo R$ 2,18 (cotação de ontem).

Como a saca de soja está sendo comercializada em média a R$ 19 em Mato Grosso, se o rendimento da lavoura ficar abaixo de 50 sacas por hectare os resultados serão negativos. Esta produtividade garante que pelo menos o produtor empate os ganhos com as despesas, enfatiza.

Se os agricultores repetirem o mesmo índice de produtividade obtido na última safra (média de 42 sacas/ha) as perdas serão de aproximadamente R$ 157 por hectare.

De acordo com Oliveira os agricultores precisam planejar bem a safra e encontrar alternativas para aproveitar melhor os recursos disponíveis. Ele acredita que pequenos detalhes poderão significar a diferença entre o lucro e o prejuízo este ano. A margem entre um resultado negativo ou positivo será muito estreita, frisa. Como os agricultores não têm outra alternativa, é plantar ou sair do mercado, empatar os resultados significa conseguir manter o empreendimento rural ao menos operante. Ele acredita que uma das maneiras de melhorar o rendimento da lavoura é reduzir a área plantada. O corte, porém, não deve ser aleatório.

As áreas eliminadas devem ser as que têm os menores índices de produtividade. Segundo ele, normalmente esse tipo de terreno gera custos e não garante um bom retorno. A redução de área deve ser feita visando o aumento da produtividade. Terrenos melhores demandam menos adubo, por isso têm um custo mais baixo, ressalta. Ele lembra ainda, que a retração na área faz com que sobrem máquinas agrícolas. Assim, é possível escolher o melhor período para executar o plantio, que ocorrerá de forma mais homogênea.

Oliveira sugere que os agricultores devem procurar negociar as melhores condições com os fornecedores de matéria-prima para as lavouras. Os produtores precisam fazer cálculos e ver até quanto podem pagar pelas mercadorias, orienta. Ele considera ainda que no decorrer da safra o produtor deve trabalhar com metas e não ficar segurando a safra, esperando a melhora nos preços. O mercado não dá sinais de grandes variações. Por isso se aparecer uma oportunidade de comercializar a produção a valores que garantam ao menos cobrir os custos de produção, o produtor deve fechar o negócio.

REGIÃO SUL

Oliveira destaca que os municípios da região Sul de Mato Grosso são beneficiados no que diz respeito à logística. Por estarem mais perto do Sudeste do país, para onde a produção agrícola é escoada, os agricultores dos municípios da porção Sul conseguem melhores preços na comercialização da oleaginosa. Em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá), por exemplo, a saca de soja é comercializada em cifras com cerca de 16% a mais que a média de preço do Estado. Ele não dispunha dos custos de produção em Rondonópolis.