O aumento dos custos e a queda dos preços das commodities agrícolas nos últimos meses criaram uma situação “difícil” para os agricultores do Rio Grande do Sul, apesar da “expectativa favorável” em termos de produção e produtividade das lavouras gaúchas, informou nesta terça-feira a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Feacoagro). Segundo a entidade, na safra 2014/15 os produtores terão prejuízo na cultura de milho e redução de lucro na soja. Devem também, segundo a entidade, amargar resultado negativo por hectare na colheita do trigo neste ano.
As conclusões levam em conta os custos totais de produção, incluindo despesas com financiamentos e depreciação de ativos fixos. Por este critério, a rentabilidade líquida por hectare deverá cair 38,8% na próxima safra de soja, para R$ 603, apesar da alta estimada na produtividade média de 42 para 50 sacas por hectare. A entidade prevê uma área plantada de 5 milhões de hectares do grão no próximo ciclo, com expansão de 5% sobre o anterior.
Considerando apenas os custos variáveis, como combustível, insumos agrícolas e mão de obra, o lucro com a soja deve cair 21,9%, para R$ 1.342 por hectare. Conforme a Fecoagro, enquanto o preço de referência pago aos produtores recuou de R$ 65,51 para R$ 54 por saca de outubro de 2013 a setembro deste ano, o custo total por hectare evoluiu 18,7%, para R$ 2.097, e o variável, 31,4%, para R$ 1.358.
No milho, o prejuízo deve aumentar de R$ 37,21 para R$ 83,63 por hectare, diante de uma alta prevista de 1,3% nos custos totais, para R$ 2.184, e de um recuo de 10,7% no preço de referência, para R$ 21 por saca. A produtividade esperada é de 100 sacas por hectare, dez a mais do que na safra anterior, e a área plantada é projetada em 930 mil hectares, com retração de 6%. Levando-se em conta apenas os custos variáveis de R$ 1.508 (alta de 2,5%), o lucro por hectare de milho deve cair 8,5% em 2014/15, para R$ 592, calcula a federação.
Para a safra de trigo 2014, a Fecoagro estima um prejuízo de R$ 603 por hectare, ante perda de R$ 165 no ano passado, com base no custo total de produção, que deve evoluir de R$ 1.712 para R$ 1.903 por hectare na mesma base de comparação. Com base apenas nos custos variáveis, a perda deve chegar a R$ 74 por hectare, ante o lucro de R$ 410 em 2013. A produtividade esperada chega a 50 sacas por hectare, com alta de 16,3%, mas nos últimos 12 meses o preço de referência do cereal recuou 27,7%, para R$ 26 por saca, calcula a entidade.