O vazio sanitário, como é chamado o período da entressafra quando os agricultores não devem plantar soja para evitar a proliferação da ferrugem asiática, a pior praga que ataca essa cultura, não vem sendo seguido como deveria por boa parte dos sojicultores. Segundo o presidente da Câmara Setorial de Insumos, Cristiano Valter Simon, é preciso reforçar as campanhas de governo para conscientizar os produtores e conter o avanço da praga.
“Eles não respeitam porque não sabem. Além disso, o período é diferente em cada estado”, explicou Simon, reforçando a necessidade das campanhas regionais. Para ele, a divulgação é essencial para que o vazio sanitário seja cumprido, e deu como exemplo a campanha brasileira de recolhimento de embalagens de agrotóxicos, que chegou à marca de 95% de retorno e tem reconhecimento internacional.
A ferrugem asiática reduz a produtividade da soja pelo desfolhamento precoce da planta. Ela foi observada pela primeira vez no Japão em 1902, mas só apareceu no Brasil na safra 2000/2001. Em 2006, os estados de Mato Grosso e Goiás, que estão entre os maiores produtores de soja do país, lançaram instruções normativas regulamentando o vazio sanitário. São 90 dias sem soja durante a entressafra, incluindo a eliminação das plantas voluntárias.
O coordenador-geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luís Carlos Rangel, reconheceu que o vazio sanitário precisa de um “reforço” na divulgação, na adesão dos produtores e também na fiscalização. “No começo da campanha a adesão foi boa, mas, com o tempo, os agricultores deixaram de acompanhar”.