Os problemas com pragas na armazenagem de grãos podem acarretar perdas estimadas em R$ 1,4 bilhões/ano para o país, resultado de contaminação das estruturas armazenadoras e danos diretos nos grãos que restringem a comercialização.
Evitar esses prejuízos é o objetivo do programa de Manejo Integrado de Pragas de Grãos Armazenados – o MIPGRÃOS – desenvolvido pela Embrapa Trigo e Embrapa Soja junto a 11 cooperativas e instituições que atuam na pós-colheita.
Segundo o pesquisador Irineu Lorini, o programa MIPGRÃOS consiste numa série de medidas voltadas a manter a qualidade dos grãos durante o armazenamento. O programa tem base no treinamento teórico e prático dos armazenadores, orientando para limpeza do ambiente, correta identificação das pragas, uso adequado de inseticidas, monitoramento da presença de insetos, etc. “O primeiro passo é a conscientização dos profissionais sobre os danos diretos e indiretos que as pragas podem causar. Todos devem conhecer como funciona o armazém, desde a chegada do produto até a expedição, para prevenir pontos de entrada e abrigo de pragas na estrutura de armazenagem”, diz Lorini.
A cooperativa Cotripal, com sede em Panambi, RS, movimenta nas unidades armazenadoras cerca de 330 mil toneladas de grãos. Entre as pioneiras na implantação do programa MIPGRÃOS, a Cotripal começou o combate às pragas ainda em 2001 e hoje comemora a liquidez na comercialização dos grãos. “Atuamos no combate a pragas do milho e do trigo. Agora, pretendemos expandir para os grãos de soja” explica o presidente da cooperativa, Germano Dowich. A nova fase do programa foi lançada no dia 24 de março, com o cronograma de atividades que começou com um curso de manejo integrado de pragas. “Não é possível chegar a 100% de acerto na qualidade final dos grãos, mas nossa meta é chegar bem próximos à perfeição na condução dos trabalhos”, finaliza o presidente da Cotripal.
No Paraná, a cooperativa C.Vale começou a trabalhar com o MIP em 2002, com ações de boas práticas na armazenagem. O objetivo inicial, com ações de limpeza e controle de insetos, era atender a requisitos de segurança alimentar na estrutura, com capacidade para um milhão de toneladas de grãos. “Hoje, entendemos que o principal ganho que alcançamos com o MIP foi a mudança na visão no processo de produção, passamos da idéia de armazenagem de matéria-prima para a armazenagem de alimentos.O cuidado aumentou e as boas práticas tem melhorado a qualidade final dos produtos”, avalia o gerente do departamento operacional, Alcemir Chiodelli.
Neste mês de abril, acontece a implantação de uma nova unidade piloto do MIP, estrategicamente instalada na maior unidade de armazenagem da C.Vale, junto a sede em Palotina, PR, que representa 15% da estrutura de armazéns da cooperativa. A meta é chegar a zero no índice de residual de produtos e micotoxinas nos grãos armazenados.