Os agricultores brasileiros parecem ter uma relação de amor e ódio com a Monsanto. Eles adoram a soja transgênica RR, que já ocupa quase 90% da área destinada à cultura no Brasil, mas não perdem uma oportunidade de dar uma rasteira na multinacional americana. Este ano, aliás, foram duas rasteiras: em setembro passado, quando a Monsanto se preparava para ampliar o plantio experimental de sua nova soja transgênica (Intacta), a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) convenceu os seus associados a não plantar a semente enquanto ela não for aprovada pela China.
Resultado: a Monsanto foi obrigada a descartar 600 mil sacas de semente Intacta e adiar o seu plano de lançar comercialmente a nova transgênica, sucessora da RR.
Esta semana quem passou o pé na Monsanto foi a Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), que entrou com uma ação na Justiça de Mato Grosso e obteve liminar para a suspensão de cobrança, pela Monsanto, de royalties e indenizações pelo uso das tecnologias Bollgard I (BT) e Roundup Ready (RR).
De acordo com o advogado da Famato, Ricardo Tomczyk, a patente das tecnologias incorporadas às sementes comercializadas pela Monsanto – soja RR e algodão BT – caducou em 31 de agosto de 2010, “e as tecnologias passaram a ser de domínio público”. A Monsanto ainda tentou caçar a liminar da Famato, mas a Justiça de Mato Grosso não acatou seu pedido. Diante disto, “temporariamente”, a empresa suspendeu a cobrança dos royalties em todo o Brasil, como disse à GLOBO RURAL Rodrigo Santos, vice-presidente comercial da companhia.”Para a Monsanto, o direito à cobrança de royalties da soja RR vale até 2014, mas vamos respeitar a liminar e tentar reverter esta decisão na Justiça”, disse Santos.
Qual é o valor do prejuízo? Santos disse não ter como calcular, mas o valor médio do royalty, no caso da soja RR, é de R$ 22 por hectare. A área estimada para a soja este ano é de cerca de 25 milhões de hectares. É só fazer as contas – 90% de 25 milhões= 22,5 milhões de hectares X R$ 22…