Da Redação 08/02/2004 – 05h47 – Quatorze milhões e quatrocentas mil toneladas. Essa foi a safra recorde de milho de 2002/2003. E o bom resultado dos produtores se prolongou para 2004. Em janeiro e fevereiro deste ano, as exportações de milho também bateram recordes. Nos dois meses, saíram pelo Porto de Paranaguá 987.554 toneladas de milho. No mesmo período de 2003, esse montante havia sido de 121.943 toneladas. Esse número está sendo comemorado pelos produtores porque do total colhido da safra 2002/2003, 2,5 milhões de toneladas haviam virado o ano armazenadas nos silos. Porém, nesses dois meses 1,2 milhão de t já foram vendidas (a maioria para fora do País). Em 2003 inteiro, o Paraná exportou 2,8 milhões de t.
A engenheira agronôma do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abasteciemnto, Vera da Rocha Zardo, explica que o Paraná está com uma demanda muito boa porque o milho tem qualidade apresenta um bom preço. Além disso, vários países tiveram problemas climáticos que prejudicaram a safra de milho precisando comprar milho de fora.
A expectativa dos produtores agora é vender o mais rápido possível o restante do milho porque precisam dar espaço nos silos para a soja, que já está no fim da colheita. E a nova sofra de milho 2003/2004 também já está sendo colhida. “Este ano, devido a fatores climáticos, a expectativa é se colha 12,6 milhões de t”, contabiliza Vera.
Apesar dos bons resultados das vendas externas, o preço do milho não está na margem que os produtores esperavam. O operador de mercado da corretora de mercadorias Correpar, José dos Santos, explica que a maioria dos produtores está capitalizada porque também planta soja. Contudo, eles precisam liberar os silos para a soja e por isso estão negociando a um valor abaixo do cotado na Bolsa de Chicago (cerca de R$ 20 a saca).
Hoje, a saca de milho está sendo vendida a cerca de R$ 17, com variações de acordo com a distância do frete.
Empecilhos impostos pelo Porto de Paranaguá também estariam jogando o preço do milho para baixo, segundo produtores e corretores. Os problemas seriam de infra-estrutura, já que o porto não tem espaço suficiente para armazenar o milho e a soja e dá preferência ao último, e da proibição da permanência de caminhões no pátio de triagem carregados de milho ainda não comercializados, decreta em 31 de dezembro do ano passado. “Quando o grão vai para o porto, mesmo sem comprador certo, ele não volta. Aí os compradores internos correm atrás do produto, que está sendo todo escoado. Mas se não puder ser armazenado lá, sobra milho no interior e os compradores daqui se acomodam e mandam no preço”, reclama o corretor da J.Idalgo Corretora de Mercadorias, Josimar Idalgo.
O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, garante que o porto não tem preferência entre exportar soja e milho, mas sim as cooperativas e traders. Quanto ao armazenamento, Eduardo é enfático ao dizer “que os caminhões não serão usados mais como silos como ocorria antes e que o pátio do porto não será mais utilizado para especulações”. “Os silos recebem a carga já comprada, eles são meros repassadores de cargas dos caminhões para os navios, não são armazenadores.”