Redação (19/02/2009)- As perdas provocadas pela estiagem que prejudicou a produção argentina de grãos nesta safra 2008/09 poderão representar 25% do volume total previsto na época do plantio. Recém-chegado da Argentina, Antonio Sartori, da corretora gaúcha Brasoja, afirma que as últimas projeções sinalizam uma colheita de 71 milhões de toneladas de grãos, ante as 95,2 milhões de toneladas inicialmente projetadas. No ciclo passado, o 2007/08, foram aproximadamente 98 milhões.
Conforme Sartori, as estimativas para a soja, carro-chefe da agricultura do país vizinho, já convergem para uma produção de 40 milhões de toneladas, 10,5 milhões a menos que o volume estimado inicialmente. Segundo ele, 60% da área plantada no país está em condições ruins ou muito ruins, e neste universo 35% das lavouras já estão com perdas irreversíveis. "Se chover bem, a Argentina poderá colher 40 milhões de toneladas. Caso contrário, o volume poderá ser ainda menor".
Para o milho, as projeções atuais já apontam para 13,5 milhões de toneladas, 34,5% menos que o estimado no início dos trabalhos de plantio, no último trimestre do ano passado, quando se falava em 20,6 milhões. No caso do trigo, serão 8,5 milhões de toneladas, ante as 15,4 milhões esperadas inicialmente; para outros grãos, a queda é de 12 milhões para 9 milhões de toneladas.
São quebras que afetam diretamente o Brasil, até porque o "fator Argentina" teve grande relevância na formação dos preços de soja, milho e trigo no mercado internacional em janeiro. Nas bolsas americanas, os grãos encerraram janeiro com cotações médias superiores às de dezembro, e isso em grande parte por causa do problema argentino.
No caso da soja, o Brasil é o segundo maior país exportador e a Argentina, o terceiro. No mercado de milho, a quebra no vizinho pode abrir espaço para que o Brasil assuma o segundo lugar nas exportações, dependendo do tamanho da safrinha de inverno; no trigo, o Brasil é um dos maiores importadores do mundo e pode ter problemas para se abastecer.