Ainda que não tenha oferecido subsídios capazes de provocar alterações expressivas nos atuais quadros americano e mundial de oferta e demanda de grãos, o novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre esses fundamentos, divulgado na quinta-feira, teve impacto considerável sobre trigo, milho e soja na bolsa de Chicago – principal referência global para os preços desses produtos, importantes bases para a produção de alimentos e rações.
Entre as três commodities, o trigo foi a que sofreu o ajuste mais significativo promovido pelo USDA. Por conta de um corte maior na estimativa de exportações do que na de importações, o ministério americano ajustou sua projeção para os estoques finais globais do cereal nesta safra 2010/11 para 181,9 milhões de toneladas, 2,3% mais que o previsto em fevereiro. O órgão também reduziu em 1,9% a projeção para as exportações dos EUA na temporada, e a combinação desse fatores provocou a queda dos preços do cereal em Chicago.
Os contratos com vencimento em maio – que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez – encerraram a sessão a US$ 7,4050 por bushel (27,2 quilos), queda de 2,4% em relação à véspera. Com isso, cálculos do Valor Data mostram que a segunda posição passou a apresentar baixa acumulada de 9,78% este ano, mas nos últimos 12 meses a alta ainda chega a 53,79%. O atual patamar das cotações é o menor desde novembro do ano passado, mas o ainda elevado nível mantém vivas as preocupações inflacionárias.
A queda do trigo tirou sustentação do milho, em parte porque ambos têm finalidades comuns. E como o USDA também diminuiu em 0,5% sua projeção para os estoques finais mundiais de milho em 2010/11, seus preços também foram abaixo. A segunda posição (maio) perdeu 2,6% de seu valor e fechou a US$ 6,8275 por bushel (25,2 quilos), mas ainda acumula altas de 7,27% em 2011 e de 86,8% em 12 meses.
No caso da soja, o “efeito USDA” foi inverso. O órgão reduziu suas estimativas de estoques finais e iniciais do grão desde a safra 2007/08, o que praticamente anulou a elevação da estimativa para a produção global em 2010/11. Em Chicago, a segunda posição (maio) subiu 0,48% e encerrou a sessão a US$ 13,5550 por bushel (27,2 quilos). Em 12 meses, a alta chega a 41,49%.